Doutor Sono

Para apreciar essa obra-prima cheia de homenagens e referências nostálgicas, é preciso ter em mente que este não é o filme “O Iluminado” (1980) e sim, uma história que se passa no mesmo universo, contendo um personagem em comum, Danny Torrance. No primeiro filme, vivido por Danny Lloyd e que aqui está na pele de Ewan McGregor.

Sinopse: “Na infância, Danny Torrance conseguiu sobreviver a uma tentativa de homicídio por parte do pai, um escritor perturbado por espíritos malignos do Hotel Overlook. Danny cresceu e agora é um adulto traumatizado e alcoólatra. Sem residência fixa, ele se estabelece em uma pequena cidade, onde consegue um emprego no hospital local. Mas a paz de Danny está com os dias contados a partir de quando cria um vínculo telepático com Abra, uma menina com poderes tão fortes quanto aqueles que bloqueia dentro de si.”

Doutor Sono” é a adaptação fílmica do livro homônimo de Stephen King. O diretor Mike Flanagan (A Maldição da Residência Hill) utiliza toda uma atmosfera antiga, as cores alaranjadas e azuladas e planos abertos que se tornam fechados para causar um sufocamento, para que tenhamos um profundo sentimento de angustia, é como se estivéssemos vendo o mundo pela ótica do traumatizado Danny. O diretor cria um universo detalhado, apresentando cada personagem da trama de forma minimalista, pena que sentiu a necessidade de utilizar duas horas e meia para fazer isso. São encontradas várias sub-tramas, todas se ligam pelo dom de ser um “iluminado” como eles chamam.

Os vilões são vários, desde o grupo que se alimenta da alma dos “iluminados” liderados pela belíssima Rose (Rebecca Ferguson), passando pelos temíveis fantasmas e chegando aos próprios demônios internos de Danny. Nos mostrando que uma criança traumatizada pode estar fadada a repetir os erros dos pais. Com certeza a criação deste personagem tem a ver com o próprio King, que assim como Danny é alcoólatra.

O melhor presente que Flanagan poderia ter dado aos fãs do gênero, uma viagem completa ao Hotel Overlook, com direito a todos os elementos primordiais do clássico “O Iluminado”. Nestes momentos, é utilizada de forma impecável a estética de Kubrick. O filme é arrepiante e dramático na medida certa.