Segredos Oficiais

Histórias reais são sempre interessantes quando são transportadas para o cinema. Sabemos que algumas coisas são mudadas para caber e entreter melhor o telespectador, mas a essência está lá. Agora juntemos um caso real com espionagem e temos uma excelente receita para um ótimo filme. E (felizmente) “Segredos Oficiais” se enquadra nessa categoria. Com direção de Gavin Hood (O Suspeito), temos um ótimo exemplo de como uma história real pode ser tão boa ou melhor do que uma de ficção.

Sinopse: “Depois de passar anos trabalhando como tradutora de mandarim para inglês, a espiã do governo britânico Katharine Gun torna-se mundialmente famosa ao expor segredos extremamente confidenciais da Agência de Segurança Nacional. Após obter acesso a memorandos secretos, ela consegue provar que ocorreu uma grande pressão a seis países para que eles votassem a favor da invasão ao Iraque em 2003, realizada pelos Estados Unidos.”

O filme começa bem devagar, diria que começa praticamente se arrastando, mas quando menos percebemos já estamos emaranhados com essa trama até o pescoço. Não sei vocês, mas eu sempre achei que a guerra contra o Iraque foi mentirosa e cada dia que passa, sabemos de informações de que sim, ela foi forjada. E uma parte disso sabemos por causa da personagem vivida por Keira Knightley (Piratas do Caribe) que teve a coragem de expor informações alegando que não deveriam esconder informações do povo. Se todos tivessem essa coragem, talvez pudéssemos estar vivendo em um planeta melhor.

O ritmo dele é bom e ficamos realmente interessados em como o rumo dos acontecimentos se resolvem. Boa parte disso se deve aos atores, que estão todos ótimos e ninguém deve nada para o outro. Todas as interpretações são fortes e seguras, mostrando que o elenco escolhido foi o melhor. Destaco (principalmente) Ralph Fiennes (O Grande Hotel Budapeste) que faz o advogado de defesa e Matt Smith (um dos eternos Doctor Who) que faz o jornalista que investiga o documento vazado. Muito do longa se deve a eles que levam tudo com a maior simplicidade e competência.

Eu indico esse filme por vários motivos. Um deles é para vermos como podemos ser manipulados facilmente e que nunca saberemos, ou só saberemos quando for tarde demais. E que é preciso uma pessoa louca ou corajosa para abrir nossos olhos. Os outros motivos já foram dados no texto como atuação e um roteiro que te prende e que faz torcer para a protagonista. Na carona desse, também indico “Vice”, longa estrelado por Christian Bale, onde ele faz o vice-presidente dos Estados Unidos justamente na mesma época em que este aqui se passa. Assim podemos ver um pouco da história de duas dinâmicas diferentes.