Dois Papas

Apesar de ter nascido no meio de uma família católica fervorosa, eu não me considero como tal. Adotei alguns costumes como rezar antes de dormir e ao acordar, mas só. Posso ser considerado um péssimo cristão para um devoto mais fervoroso, mas lembro muito bem de ter ficado bastante emocionado com a vinda do Papa Francisco ao Rio de Janeiro durante a Jornada Mundial da Juventude em 2013. Sempre simpatizei com ele desde o início e vendo toda a sua humildade junto com o fato de como ele lidava com assuntos polêmicos como o homossexualismo, aborto e até como lidava com os ateus me fez ter um respeito muito grande por ele. Com esse excelente filme pude me emocionar com a história conjunta do atual Papa Francisco e com o seu antecessor Bento XVI.

Sinopse: “Buenos Aires, 2012. O cardeal argentino Jorge Bergoglio (Jonathan Pryce) está decidido a pedir sua aposentadoria, devido a divergências sobre a forma como o papa Bento XVI (Anthony Hopkins) tem conduzido a Igreja. Com a passagem já comprada para Roma, ele é surpreendido com o convite do próprio papa para visitá-lo. Ao chegar, eles iniciam uma longa conversa onde debatem não só os rumos do catolicismo, mas também afeições e peculiaridades da personalidade de cada um.”

Muitas coisas são primorosas nessa produção: direção, atuação, figurino, direção de arte e por aí vai, mas a primeira coisa que vem a minha mente é o roteiro altamente envolvente. Linhas de roteiro que se fossem mal conduzidas transformariam em um filme lento e monótono. Graças a grandiosa direção de Fernando Meirelles (Cidade de Deus) ele é conduzido de uma forma natural que nos faz querer saber mais de cada um dos personagens principais. Coisas mundanas se tornam interessantes e nos faz querer consumir mais do que foi mostrado em tela.

A humanização de figuras quase santas é primordial para que nós consigamos nos conectar com eles. Até mesmo eles têm uma cruz a carregar, e essa cruz pode ser muito mais pesada do que as nossas. Boa parte dessa humanização é “culpa” de dois atores incríveis que dividem a tela praticamente do início ao fim: Anthony Hopkins (O Silêncio dos Inocentes), que vive o Papa Bento XVI; e Jonathan Pryce (A Esposa) que vive o Papa Francisco. A atuação desse dois é linda demais. Eles conseguem nos fazer pensar criticamente e logo depois consegue nos fazer rir sendo eles mesmos. A cena da pizza é maravilhosa e um ótimo exemplo de como pode ser uma cena cômica, e ainda assim não descaracterizar nenhum deles.

Um excelente filme para se ver sendo católico ou não. Apesar de ter 4 indicações ao Globo de Ouro (melhor filme, melhor ator para Jonathan Pryce, melhor ator coadjuvante para Anthony Hopkins, e melhor roteiro) e não ter ganho nenhum não tira o mérito de sua produção. Só por ser indicado já mostra a força e a importância dele para o cinema atual. Recomendação máxima para esta obra.

Esse é a primeira resenha que faço de um filme feito pela Netflix. Veio demorada pois não tenho o costume de ver filmes no serviço de streaming assim que lança. Sempre demoro um pouco, mas vou tentar mudar isso. Tentarei criar o hábito de vê-los para resenhar, pelo menos das produções mais importantes.