A Batida Perfeita

Lembro até hoje o momento que eu vi o trailer de ‘A Batida Perfeita’. Se não me engano foi em março de 2020, no início do nosso lockdown. Lembro também de ter gostado e ter colocado na minha lista. O tempo passou, a pandemia continuou e esse filme simplesmente sumiu. Descobri há pouco tempo que ele tinha sido lançado direto no Telecine (agora na Globoplay). Ele foi completamente relegado ao streaming sem direito a um mínimo de marketing sobre isso. Isso me fez pensar que o resultado final seria uma porcaria. Ainda bem que não foi.

Sinopse: “O filme segue a superestrela Grace Davis (Ross) e sua assistente pessoal Maggie (Johnson). Uma possui um talento inegável, assim como o ego elevado, e a outra vive sobrecarregada, enquanto sonha há anos em ser produtora musical. Quando o agente de Grace (Ice Cube) sugere que ela faça uma residência de shows em Las Vegas, a artista propõe um novo álbum. No entanto, isso não parece estar nos planos da gravadora. Então, Maggie aparece com uma possível solução e ela e Grace irão embarcar em um plano audacioso que poderá mudar a vida das duas.”

Certamente ele não é uma obra-prima, mas está longe de ser ruim. Ele entra perfeitamente na categoria “Sessão da Tarde” no melhor significado que isso possa trazer. Ele é leve e diria que é até mesmo do tipo “good vibe”. Esse tipo de gênero sempre me deixa feliz no final e contente por ter acompanhado a jornada até o fim. Não há nada de muito novo nele e talvez isso o deixe com a marca de uma obra comum, mas garanto que é uma boa pedida.

Ele é cliché ao ponto de sabermos tudo o que vai acontecer. A nossa protagonista é uma “zé ninguém” com um talento escondido; ela é audaciosa e acaba fazendo besteira por causa disso; tudo está perdido, ela tem que voltar as suas origens para se conectar com ela mesmo; ela amadurece e uma segunda chance aparece do nada; final feliz. Nem todo cliché é ruim se ele for bem feito e acho que nesse caso ele funciona de alguma maneira e isso ajuda a história. Mas é certo que não há nada de novo.

O único ponto negativo para mim foi o fato de ter uma enorme coincidência no final. Acho que isso tira um pouco do brilho da nossa protagonista. Logo ela, que galgou tanto para chegar onde chegou é quase manchada por uma coincidência que o roteiro resolveu expor. Não precisava, mas capaz de ninguém se importar com esse detalhe. Só o chato aqui. Tirando isso, dá para apreciá-lo de uma forma bem leve e satisfatório.

Ele é um longa que fala muito sobre música, mas calma, não é um musical. O mundo fonográfico está entranhado na trama principal e isso cabe até uma crítica dura a indústria musical. Em determinado momento uma estatística nos é informada: somente 5 mulheres acima dos 40 anos conseguiram emplacar um grande sucesso e entre elas somente 1 era negra. Um dos pontos do filme é justamente tentar mudar esse panorama, o que o deixa mais interessante ao seu final.

No mais, é isso. Divertido, good vibes e cliché. Nada que irá mudar a sua vida, mas o suficiente para entreter em uma tarde de um sábado qualquer sem nada para fazer.