Um Broto Legal

‘Um Broto Legal’ é uma cinebiografia da vida da cantora Celly Campelo, que veio a ser a precursora do rock no Brasil. Em minha eterna ignorância eu não sabia quem era ela e considero isso uma vergonha. Ainda mais quando se fala de uma pessoa que introduziu o gênero musical que mais gosto no país. Tudo bem que o rock de antigamente era bem diferente do de hoje, mas não tira em nada sua importância na história da música como um todo.

Sinopse: No final dos anos 50, Célia Campello é uma jovem de 16 anos em Taubaté, interior de São Paulo. Uma espécie de celebridade local, ela canta na rádio da cidade, onde tem um público cativo. Seu irmão, aspirante a cantor, acaba se mudando para São Paulo, onde é descoberto por um caça-talentos. Depois, será a vez dela. E esse é só começo da carreira daquela que ficou conhecida como Celly Campello, precursora do rock no Brasil, e responsável por hits como Banho de Lua e Estúpido Cupido.

A história começa no ano de 1956 e vai até o ano de 1962. É um período curto da vida dela, mas diria que é o essencial. De início, parece que o grande protagonista é o irmão de Celly, Sérgio, que mais para frente tem o nome mudado para Tony por ter uma sonoridade melhor. Ele é extremamente importante para a história e ele foi a principal pessoa responsável para levar sua irmã ao estrelato. Uma curiosidade é que o próprio Tony Campelo, agora com 85 anos, serviu de consultor e ajudou bastante na criação do roteiro.

Ver essa história sendo contada é bem satisfatória a ponto de entendermos como ela chegou aonde chegou. O problema dele é que ele me pareceu muito engessado. Os atores soam formais demais em suas falas e isso fica muito esquisito em tela. Imagino que quiseram captar a aura dos anos 50 junto com seu modo de falar, mas não é nem um pouco natural. Esse detalhe me lembrou as pornochanchadas. Pelo amor de Deus, entendam, minha comparação é apenas com o modo de falar, e mais nada.

Em alguns momentos ele me lembrou demais um telefilme ou até mesmo uma novela. A maioria dos takes são gravados em um ambiente fechado e controlado até demais. Até mesmo quando ela vai cantar em um lugar um pouco mais público, parece que é tudo reduzido e de preferência taca a câmera só em quem interessa mesmo. Posso colocar essa na conta da pandemia. Se levar isso em conta, dá pra deixar esse detalhe para lá.

Celly Campelo é interpretada pela atriz Mariana Alexandre fazendo sua estreia nos cinemas. Posso dizer que ela é um achado e que canta graciosamente. Escutar ela cantando clássicos como ‘Banho de Lua’ e ‘Tunel do Amor’ é bastante recompensador. Aproveito para informar que eu não sabia que tais músicas famosas eram da cantora, até ouvir aqui e dizer: “aaaahhhh tá, essa eu conheço muito bem”. Uma vergonha que carregarei por um tempo devido a minha ignorância.

Outro detalhe curioso é o fato de que o rock nos anos 50 era considerado uma pária. Era mal visto e sinônimo de vagabundagem. Bem, até pode ser que não tenha mudado tanto assim dentro de algumas convenções sociais, mas as coisas melhoraram bastante quanto a isso. O mesmo preconceito aplicado nos anos 50 é aplicado pelos próprios amantes do rock em relação ao funk, por exemplo, hoje em dia. Tenho mais uma reclamação a fazer quanto ao filme: não aguentei as pessoas falando “rock’n roll” o tempo todo com uma pronúncia que ninguém usa mais hoje em dia e que soa muito forçada.

No mais, é isso e acabo recomendando ele para os fãs da cantora e para quem for fã de cinebiografias assim como eu.

‘Um Broto Legal’ estreia nos cinemas no dia 16 de junho.