Till – A Busca Por Justiça
Filmes de terror estão por aí desde sempre. Eles estão aí para nos assustar e criar tensão por um pequeno período de tempo, te divertir e é isso. ‘Till – A Busca Por Justiça’ é o terror da vida real. O racismo é mais assustador do que qualquer outro filme do gênero de terror. É difícil pensar que há menos de 100 anos, histórias como essa que vimos nesse filme eram reais e cotidianas. Mesmo assim a vítima era culpada, enquanto os assassinos eram inocentados. É preciso ter estômago para ver esse longa e não sentir o mínimo de vergonha e raiva desses acontecimentos.
Sinopse: “Till – A Busca por Justiça é um filme profundamente emocionante sobre a verdadeira história da busca incansável de Mamie Till Mobley por justiça para seu filho de 14 anos, Emmett Till. Em 1955, Emmett foi linchado quando visitava seus primos no Mississippi. No coração da pungente jornada de Mamie, que transformou seu luto em ação, está o poder universal da coragem de uma mãe disposta a mudar o mundo.”
Como já devem saber, essa história é baseada em um caso real. Sabe qual foi o crime cometido por Emmett Till? Ele assobiou para uma mulher branca. Apenas assobiou e isso fez com que ele fosse raptado, torturado, linchado e morto por brancos da região. Seu corpo foi achado alguns dias depois em um rio. Obviamente, reconhecer o corpo nessas condições é bem difícil, mas ele estava usando o anel que era de seu pai e logo foi reconhecido pelo seu tio.
Nesse momento, temos uma das cenas mais fortes do filme. Quando não poderíamos pensar que o corpo seria mostrado, ele vai e mostra e não nos poupa da imagem. Esse encontro do filho com a mãe é pra deixar qualquer um destruído por dentro. O que é horrível para nós, acaba sendo uma “propaganda” contra racistas. A mãe faz questão que todos vejam o que o ódio racial pode causar a alguém. Ela faz um velório com caixão aberto e pede para os repórteres colocarem a foto no jornal. Tudo muito pesado, mas necessário.
O que se segue depois é o julgamento dos assassinos. E olha, se você for o tipo de pessoa que não suporta ver o mínimo de injustiça, não veja, pois a raiva vai reinar pelo seu corpo. Um julgamento onde todos os membros do júri são brancos, com um juiz branco, com advogados brancos em pleno Mississipi. A frase “vocês mataram meu filho pela segunda vez” entra em nossa alma e é impossível não sentir a dor dessa mãe.
Essa é a deixa para falar de Danielle Deadwyler(Vingança & Castigo), intérprete de Mamie Till-Mobley, nossa protagonista e mãe do menino assassinado. Ela dá um show de interpretação e nos passa toda a dor de uma mãe que acabou de perder o filho. É uma interpretação visceral e digo desde já que é um absurdo ela ter sido esnobada das premiações desse ano. Um crime, pois digo sem medo que a sua interpretação foi a melhor que vi nesses últimos tempos. Mais um caso de injustiça.
Por falar nessa palavra “injustiça”, devo dizer que ela prevalece aqui. Nos sentimos incapazes e derrotados com tudo o que vemos dentro dessa película. É nojento e baixo, e sei que ainda tem gente por aí que, provavelmente, vai compactuar com tais coisas. A morte de Emmett Till foi o pontapé para o marco dos direitos civis norte-americanos e certamente foi uma morte que jamais foi esquecida. Acredite ou não, mas só em 2022 a Lei Emmet Till, que criminaliza linchamentos como crime de ódio, foi sancionada pelo país.