Os 7 de Chicago

Amo ver histórias reais transformadas em filmes. Essa é uma das melhores maneiras de conhecermos acontecimentos importantes do mundo sem sair do seu conforto e que te divirta ao mesmo tempo. Tudo bem que muitas vezes tais fatos são deveras romanceados, mas é o melhor que temos. Os 7 de Chicago conta a história de um julgamento político em 1968 que teve repercussão mundial e que mudou os rumos da Guerra do Vietnã.

Sinopse: “Baseado em uma história real, o longa Os 7 de Chicago acompanha a manifestação contra a guerra do Vietnã que interrompeu o congresso do partido Democrata em 1968. Ocorreram diversos confrontos entre a polícia e os participantes. No total, dezesseis pessoas foram indiciadas pelo ato.”

Quero falar um pouco de Aaron Sorkin para poder explicar sobre sua dinâmica no longa. Ele é detentor de um Oscar de Roteiro Adaptado, que ganhou por A Rede Social, e além desse filme, possui no seu currículo obras como O Homem que Mudou o Jogo (2011), Questão de Honra (1992) e séries como The West Wing e The Newsroom. Quem já viu alguns desses citados, sabe que o roteiro é bastante ágil e que em muitos momentos você se sente perdido com o tamanho de informação que você ganha na tela. Uma boa montagem é essencial para as suas obras. Os 7 de Chicago tem exatamente tudo o que acabei de comentar. Aqui, ele acumula a função de diretor e roteirista.

Se você não gosta do tipo de filme que se passa em tribunais, passe longe desse, pois arrisco dizer que uns 80% dele é todo dentro de um. Inicialmente, fiquei muito incomodado com essa escolha narrativa, pois no início ele te leva a querer ver o grande tumulto da premissa e somos cortados direto para o julgamento sem saber exatamente o que aconteceu. Demora, mas aos poucos vamos nos situando na situação e entendemos melhor a escolha cinematográfica escolhida pelo diretor.

Aos poucos notamos o quanto o mundo continua o mesmo. O longa se passa em 1968, mas poderia ser muito bem em 2020. Vemos toda a truculência policial, vemos racismo e vemos um julgamento de cunho político onde é feito de tudo para que os acusados sejam condenados. Tudo com o aval do governos por trás. Tudo isso pode ser representado na alcunha do juiz escolhido para o julgamento, que nitidamente parece muito despreparado. A história parece sempre se repetir.

A direção, roteiro e montagem são destaques, mas quem carrega o longa são os atores, e a escalação deles é gigante. Por serem muitos, vou destacar principalmente o Mark Rylance (ganhador do Oscar de Melhor Coadjuvante por Ponte dos Espiões) que vive o advogado dos 7 e também Sasha Baron Cohen(Borat) que vive um dos líderes hippies e um dos 7 julgados. Ele brilha mais quando está fazendo o stand up narrando a história. Além deles também temos no elenco nomes como Eddie Redmayne (A Teoria de Tudo), Yahya Abdul-Mateen II (Aquaman), Joseph Gordon-Levitt (A Origem), Frank Langella (Frost/Nixon), Michael Keaton (Fome de Poder), entre outros. Certamente, um dos melhores elencos do ano.

A Netflix lançou esse filme já na maldade para buscar algumas indicações ao Oscar. Além de todos os nomes envolvidos na produção e o fato de Os 7 de Chicago ter sido exibido em alguns cinemas selecionados (regra para indicação) reflete esse interesse. Um ótimo filme que irá te fazer grudar na cadeira. Não se preocupe se parecer muito confuso, logo esse sentimento se esvai e conseguimos entender tudo perfeitamente, mesmo que até agora eu esteja perdido em alguns termos jurídicos usados.