O Som do Silencio

O Som do Silêncio é um daqueles filmes que você vai sem esperar nada e fica encantado com o tamanho da história contada, mesmo que seja de uma forma bem intimista. O filme é dirigido e escrito por Darius Marder (O Lugar Onde Tudo Termina) que possui pouca experiência na área mas que já mostra uma maturidade absurda para isso. O longa inclusive foi indicado para 6 categorias no Oscar, entre elas: Melhor Filme, Melhor Ator (Riz Ahmed), Melhor Ator Coadjuvante (Paul Raci), Melhor Roteiro Original, Melhor Som e Melhor Montagem. Não vi todos os concorrentes ainda, mas esse já tem a minha torcida.

Sinopse: “Em O Som do Silêncio, um jovem bateirista teme por seu futuro quando percebe que está gradualmente ficando surdo. Duas paixões estão em jogo: a música e sua namorada, que é integrante da mesma banda de heavy metal que o rapaz. Essa mudança drástica acarreta em muita tensão e angústia na vida do bateirista, atormentado lentamente pelo silêncio.”

Você alguma já se imaginou ficando surdo de uma hora para outra? Se isso acontecesse, como você agiria? Como você lidaria com essa perda importantíssima? Imagina que você é músico e que com esse problema você ainda estaria perdendo o seu ganha pão. Esse é o drama encontrado pelo nosso protagonista, algo que não se espera. O longa é genial a ponto de conseguir passar a angústia para você. Ele começa barulhento, devido a sua banda de metal e ele vai ficando silencioso conforme ele vai perdendo a audição. Até um ponto em que a agonia disso também te afeta. O elemento sensorial é muito importante para a experiência.

Com esses problemas, ele tem que começar uma nova vida e encontra uma comunidade de surdos que vão ajudá-lo a viver nessa nova condição. O paralelo de ser tratado como um viciado em drogas é muito válido, e isso também te incomoda, mas que aos poucos vai entendendo. Uma lição que aprendi nessa comunidade é que eles não consideram a surdez uma deficiência. Eu nunca tinha parado para olhar dessa forma e é genial como isso é colocado. A vida está lá, a felicidade ainda está lá, basta aprender a lidar com esse novo você. Buscar o seu eu do passado pode te prejudicar na vida e pode estar negando novas portas abertas que chegam até você.

Os momentos finais do longa é lindo e nos mostra que enfim a paz pode ser alcançada e que pode sempre estar a seu lado, sem mesmo perceber. Essa lição nos é apresentada no meio da projeção e não damos a devida atenção por não entendermos. Esse momento e o final são momentos sensoriais que tenho certeza que irão sentir o mesmo que eu. Essa transformação interna pode não ser fácil, mas que no final é simplesmente prazerosa.

A atuação do Riz Ahmed (Rogue One: Uma História Star Wars) é impressionante. Ele em nenhum momento soa exagerado, mas consegue passar tudo para gente. Nos deixa agoniado, desesperado, esperançoso e finalmente consegue nos deixar em paz após todo esse trajeto. Olivia Cooke (Jogador Nº 1) aparece pouco, mas é uma personagem central para o protagonista e sua atuação também é pontual e necessária. O último destaque fica para Paul Raci (No Ordinary Hero: The Superdeafy Movie) que é filho de pais surdos e fluente na língua de sinais, o que deu uma autenticidade maior ao papel. Seu personagem é incrível por ser o novo mentor do protagonista e toda sua atuação é impecável.

Dou RECOMENDAÇÃO MÁXIMA para ele. Um excelente filme que consegue mexer conosco e que nos faz aprender sobre um mundo em que não fazemos ideia de como é. Nos ensina também sobre como é viver com o que temos. A paz e a felicidade pode estar do seu lado o tempo todo e nem podemos notar porque estamos focados em outras coisas. As sensações causadas por ele são incríveis. Recomendo também que o vejam com um som razoavelmente alto para sentir todos as sensações necessárias. Acredite, essa experiência faz parte da narrativa e você vai entender o que quero dizer no final.

O filme se encontra no catálogo da Prime Video.