O Primeiro Homem

Quem nunca, em algum momento de sua vida, pensou em viajar para a Lua? Lembro de ser criança e querer isto. Viagens pelo espaço sideral ainda são algo quase que desconhecido, mas já conseguimos chegar a Lua. Não é um pouco surreal? É e, ao mesmo tempo, é fascinante. Eu fico tentando imaginar a comoção na época que isto aconteceu. No dia 20 de julho de 1969, o mundo se uniu em frente da TV (ou do rádio) para este acontecimento que mudaria um pouco a nossa percepção sobre as coisas. Tudo em plena Guerra Fria, onde cada lado queria mostrar mais poder e mais tecnologia para “controlar” o globo. Ver tal história transportada para o cinema é simplesmente incrível.

Sinopse: “A vida do astronauta norte-americano Neil Armstrong (Ryan Gosling) e sua jornada para se tornar o primeiro homem a andar na Lua. Os sacrifícios e os custos de Neil e toda uma nação durante uma das mais perigosas missões da história das viagens espaciais”.

O Primeiro Homem” do título é Neil Armstrong, vivido por Ryan Gosling (Driver), a pessoa que literalmente foi a primeira a pisar na Lua. Começamos acompanhando sua vida, quase que como uma biografia, desde um pouco antes dele entrar para a NASA, até o momento derradeiro, o ápice desta história. E julgo a escolha perfeita. Até temos outros astronautas que ajudam a contar esta saga, mas ninguém é tão emblemático quanto ele. E, justiça seja feita, ele era o único que eu sabia o nome até aqui.

Desde já, sou suspeito para falar da direção de Damien Chazelle (Whiplash: Em Busca da Perfeição e La La Land: Cantando Estações). Ele fez estes dois filmes dos quais sou muito fã e a minha expectativa estava bem alta. E não me decepcionei. Com uma fotografia que lembra demais a década de 60 e, em certos momentos, quase como um documentário, somos levados a uma imersão na vida do personagem principal e na época supracitada. Destaco também as sequências dentro dos cockpits das naves, onde não vemos nada do que está ocorrendo do lado de fora, apenas o que está acontecendo dentro, nos dando uma sensação de claustrofobia e sem o senso do que está ocorrendo de verdade.

Rapidamente, quero citar a atuação de Gosling e de Claire Foy (Uma Razão Para Viver) que, apesar de não terem aquela cena digna de Oscar, estão totalmente seguros no papel sabendo o que fazem. Quis falar rápido sobre eles, pois quero falar, especialmente, da sequência final do longa. Ela é feita com um carinho e uma delicadeza tão grandes que esquecemos que estamos vendo um filme e achamos que estamos vendo uma obra de arte. Não cronometrei, mas diria que é uma cena de 20 a 25 minutos, com o derradeiro acontecimento e com uma trilha sonora lindíssima e inspiradíssima de Justin Hurwitz (parceiro de Chazelle em seus filmes anteriores). Fiquei extremamente arrepiado e feliz por ver algo tão lindo na tela do cinema.

Como falei, anteriormente, sou um pouco suspeito para falar, mas desde já arrisco dizer que irá para as cabeças no Oscar. Um filme tão lindo não deverá ser esquecido e será lembrado por suas partes técnicas, principalmente. Recomendo muito que vejam na telona. É o tipo de filme que é feito para isto, ver em uma TV certamente perderia o glamour. E escutar a trilha sonora em uma sala boa será gratificante. Eu diria que isto é cinema de verdade. Uma história real, contada de forma primorosa, é tudo o que os cinéfilos amam e adoram comentar.