O Gambito da Rainha

‘O Gambito da Rainha’ estreou na Netflix em outubro de 2020 e não demorou muito para angariar diversos fãs na plataforma. O sucesso e a qualidade da minissérie foi tão grande que chegou nas premiações com força total e ganhou vários prêmios. Entre eles posso citar Melhor Minissérie no Globo de Ouro de 2021 e Melhor Minissérie no Critics Choice Award 2021. A história é baseada no livro de mesmo nome escrito por Walter Tevis (1928 – 1984) e foi lançada originalmente em 1983, um ano antes da sua morte.

Sinopse: “O Gambito da Rainha conta a história de Beth Harmon (Anya Taylor-Joy), uma menina órfã que se revela um prodígio do xadrez. Mas agora, aos 22 anos, ela precisa enfrentar seu vício para conseguir se tornar a maior jogadora do mundo. E quanto mais Beth aprimora suas habilidades no tabuleiro, mais a ideia de uma fuga lhe parece tentadora.”

Inicialmente, o projeto tinha sido criado para ser um filme, mas depois de muitas conversas foi decidido pelo formato de minissérie. Na minha opinião, foi uma decisão muito acertada, pois teve tempo de sobra para desenvolver os personagens e se aprofundar na psique de cada um. Além disso, toda a construção do grande clímax foi feito de forma simples e coesa a ponto de chegarmos ao final nervosos sem saber o que iria acontecer. Chegamos ao último episódio tensos e torcendo para que Beth Harmon consigisse vencer o maior mestre de xadrez daquele momento.

A primeira coisa que fui fazer quando terminei de ver tudo foi procurar se essa história era real ou não. Para a minha tristeza, descobri que não foi real. Muitos jogos e personagens foram baseados na vida real, mas é tudo ficção. A obra nos dá uma veia realística em que acreditamos realmente que tudo isso aconteceu de verdade. Esse é um grande mérito do roteiro e de toda a direção fotográfica e artística mostrada aqui. Posso dizer que tecnicamente é tudo muito impecável.

Anya Taylor-Joy (A Bruxa) foi a escolhida para ser a protagonista. Tenho a sensação de que ela está em todos os projetos atualmente. Mérito somente dela por ser uma ótima atriz. A caracterização de Beth Harmon é muito boa. Ela encarna uma pessoa fria e que em muitos momentos parece não ter nenhum tipo de emoção. Fiquei pensando se ela teria algum nível de autismo. Toda a sua genialidade beira a loucura em diversos momentos e os remédios que ela tomava a ajudava a acessar tal característica. A verdade é que ele sempre foi um gênio do xadrez e nunca precisou de verdade desses artifícios.

A história se passa nos anos 60 e nessa época a Guerra Fria estava em alta. Estados Unidos e União Soviética viviam pisando em ovos diariamente e uma das formas de mostrar força era pelo meio dos esportes. Os soviéticos eram os maiores mestres do xadrez e saber que uma norte-americana poderia ganhar de um deles no próprio jogo foi uma chance para os EUA mostrar poder a usando para tal fim. No final, faz parecer que os norte-americanos venceram pela força do capitalismo, mas não foi isso que moveu Beth Harmon. Durante os episódios isso é nítido que ela só queria ganhar do melhor. A cena final dela se sentindo ótima em plena Moscou é linda e libertadora para a personagem.

Acredito que a maioria das pessoas já tenham visto, e certamente quem viu deve concordar que é uma bela minissérie. Para quem não viu, fica aqui minha recomendação para ser vista. São apenas 07 episódios e em nenhum momento a achei monótona. Eu vi um capítulo por dia, o que me ajudou bastante na chegada do clímax, mas pode ser que funcione também vê-la toda de uma vez como um longo filme de 07 horas. Depende do seu engajamento e vontade.

O Gambito da Rainha está disponível na Netflix.

PS: A título de curiosidade, ‘O Gambito da Rainha’é uma das diversas maneiras de abrir uma partida de xadrez. Nela, o peão da rainha avança para liberar mais espaço para que o jogador possa movimentar as peças no tabuleiro.