O Escândalo
Esse filme é baseado na história real de um dos maiores casos de assédio sexual já registrado nos Estados Unidos. Ele ficou mais famoso por ter acontecido dentro de uma das emissoras mais conservadoras do país: a Fox News, canal de notícias apoiadora do atual presidente Donald Trump. O caso ocorreu em 2016, e me espanta a velocidade em que esse longa foi feito, muito provavelmente para pegar o embalo e não deixar a questão morrer. Não sei se aqui no Brasil vai ganhar notoriedade, mas todos deveriam ver essa ótimo película.
Sinopse: “Um gigante do telejornalismo e antigo CEO da Fox News, Roger Ailes (John Lithgow) tem seu poder questionado e sua carreira derrubada quando um grupo de mulheres o acusam de assédio sexual no ambiente de trabalho.”
Apesar de narrar acontecimentos da realidade de outro país não afeta a compreensão, pois tudo é explicado bem didaticamente. A câmera e a edição são bem ágeis deixando-o bem dinâmico e fácil, mas se piscar o olho pode perder alguma coisa em tela. Em muitos momentos até dá a impressão de que estamos vendo um documentário sobre o funcionamento do canal. Até aí tudo bem, e bem divertido se o assunto não fosse o assédio sexual. Ele não entra a fundo na discussão, e me deu a impressão de que tá tudo bem assediar alguém. Tem uma determinada cena em que fiquei altamente constrangido por estar ali vendo. Isso me fez pensar em quanto as mulheres sofrem por aí e que não podem falar nada para não perderem seus empregos ou até mesmo serem alvos de bate papos pejorativos.
A história por si só é boa, mas quem brilha de longe são as atrizes. O trio principal é maravilhoso, principalmente Charlize Theron (Monster: Desejo Assassino) e Margot Robbie (Esquadrão Suicida). A primeira faz o papel de Megyn Kelly, âncora do canal e protegida do acusado de assédio. Charlize mostra toda sua imponência e aqui você entende o porque dela ser uma ótima atriz. A segunda interpreta Kayla Pospisil, uma personagem fictícia, mas que foi adicionada para representar várias outras mulheres que sofreram assédio de Roger Ailes, vivido por John Lithgow (Interestelar), que também está muito bem em seu papel. Margot tem as cenas mais difíceis e ela consegue entregar veracidade brilhantemente.
Início do ano e temos mais um bom filme nos cinemas. Recomendo ele a mulheres e homens. As mulheres para que façam o mesmo que as protagonistas e aos homens para que nunca façam nada parecido. O longa ganhou 3 indicações ao Oscar (melhor atriz para Charlize Theron, melhor atriz coadjuvante para Margot Robbie e melhor Maquiagem e Cabelo). Não sei se tem alguma chance real de ganhar algo, mas já é um grande prestígio estar na maior premiação do cinema do ano.