Noite Passada Em Soho

Eu tenho tido uma maré de sorte por estar podendo ver os filmes mais atuais dos diretores que mais admiro na atualidade. Teve Tempo do M. Night Shyamalan, O Esquadrão Suicida do James Gunn, Duna de Denis Villeneuve, Infiltrado do Guy Ritchie e agora Noite Passsada Em Soho de Edgar Wright. Também sou fã do último e entre suas obras os meus favoritos são Todo Mundo Quase Morto (2004), Scott Pilgrim Contra o Mundo (2010) e Em Ritmo de Fuga (2017). O que mais admiro nesses longas citados é a forma em que eles são filmados e em Noite Passada Em Soho essa qualidade está toda estampada na tela.

Sinopse: “Noite Passada em Soho acompanha Eloise (Thomasin Mckenzie), uma jovem apaixonada por design de moda que consegue, misteriosamente, voltar à década de 1960. Lá, ela encontra Sandie (Anya Taylor-Joy), uma deslumbrante aspirante a cantora por quem fica fascinada a primeira vista. O que ela não contava é que a Londres dos anos 1960 pode não ser o que parece, e o tempo passa cada vez mais a desmoronar, levando a consequências sombrias.”

Se vierem me perguntar qual o gênero desse filme, eu não saberia dizer com exatidão, mas diria que é algo entre o drama, o horror, o mistério e o sobrenatural. É nessa grande salada em que Edgar Wright mergulha e nos traz uma obra que é no mínimo interessante de ser vista. Logo de início descobrimos que nossa protagonista possui um dom que não é muito bem explicado, mas que está lá. Ela sempre vê sua mãe falecida através de espelhos. Alguns podem levar a hipótese dela sofrer de alguma doença mental ou até mesmo de apenas imaginar esse tipo de coisa, mas eu preferi acreditar e aceitar que ela tem o poder de ver os mortos.

Ao chegar em Londres, ela descobre que a vida não é tão fácil quanto ela esperava e ao alugar um quarto em uma casa ela vai entrar em um mundo totalmente desconhecido. É a partir desse momento que a direção começa a brilhar de forma incrível. Ao começar a mostrar o passado no ano de 1965, evidenciado pelo filme em cartaz no cinema, Thunderball ou em português, 007 Contra a Chantagem Atômica estrelado por Sean Connery, começamos a ver a personagem de Eloise e de Sandie como uma só. Tudo isso usando o espelho e cortes rápidos mas tudo parecendo muito natural para marcar a mudança das duas personagens.

Por sinal, tudo o que é mostrado no passado é excelente. Desde a música, figurinos e as danças que conseguem te cativar e querer ter vontade de ter vivido nessa época glamourosa da cidade de Londres. Desse ponto em diante as coisas começam a ficar confusas e mais séries ao ponto de entrar uma trama sobrenatural que nos instiga a saber a verdade sobre o que está acontecendo. Apesar dele adentrar nesse mundo do horror, ele não passa nenhum medo em si. Esse artifício serve mais para focar ainda mais no mistério que cerca essas duas histórias.

Um ponto negativo que poderia citar aqui seria o fato de que o roteiro nos leva a acreditar que de alguma forma a morte da mãe da protagonista tenha alguma relação com os fatos ocorridos durante o longa. Talvez eu tenha apenas tentado acertar um ponto na trama, mas que acabei falhando. O background da mãe serve somente para mostrar que a filha sofre do mesmo transtorno. Esse elemento, na minha visão, seria o ponto chave para fechar essa obra com perfeição.

A tríade principal dos protagonistas é excelente e não há nada para se falar mal, apenas engrandecer cada um. Thomasin Mckenzie (Jojo Rabbit e Tempo), Anya Taylor Joy (O Gambito da Rainha e A Bruxa) e Matt Smith (The Crown e Doctor Who) são motivos para bater palmas de pé. Não posso deixar de falar também de Diana Riggs (a Olenna Tyrel de Game of Thrones) que faz o papel de Ms Collins e que marca o seu último papel em vida. A atriz morreu em setembro de 2020 e ainda ganha uma dedicatória no início da projeção.

O longa não é o melhor filme do diretor e acaba não sendo uma obra digna de altas recomendações, mas a sua direção junto com toda a sua parte técnica e somando o trabalho de atores acaba sendo algo digno de ser visto sim. Talvez eu seja suspeito para falar.

Noite Passada Em Soho estreia nos cinemas em 18 de novembro.