Guerra Civil

É chover no molhado falar que a A24 é a melhor produtora da atualidade. Sempre com filmes pequenos e com histórias originais, ela vem conquistando o mercado e as premiações cada vez mais. Agora, esse sarrafo acabou de ser aumentado. Sendo o longa mais caro deles (US$ 50 milhões), Guerra Civil chega com status de blockbuster e isso é rapidamente observado com o tamanho do valor de produção dessa obra. O escopo é maior e a qualidade ainda é mantida. Já estreou lá fora e foi a maior arrecadação da história da A24. O resultado final só não foi perfeito por detalhes que comentarei abaixo, mas sem dúvidas, é uma das melhores coisas que já foi lançada por eles.

Sinopse: “Em um futuro não tão distante, quando uma guerra civil se instaura nos Estados Unidos, uma equipe pioneira de jornalistas de guerra viaja pelo país para registrar a dimensão e a situação de um cenário violento que tomou as ruas em uma rápida escalada, envolvendo toda a nação. No entanto, o trabalho de registro se transforma em uma guerra de sobrevivência quando eles também se tornam o alvo.”

 

Vou começar pelos pontos negativos que no meu ver, são poucos. Estamos presenciando uma Guerra Civil norte-americana e não entendemos direito como isso aconteceu. Algumas linhas de diálogos nos dão pistas, mas no geral são bem vagas. O que deu no presidente para agir como uma fascista e qual foi o ponto de ruptura para essa maluquice acontecer? Quem são exatamente as forças que se opõem ao atual governo? Como foi a escalada desse conflito? Isso parece não importar muito para a história contada, só os desdobramentos finais desse conflito. Um outro ponto que não gostei foi já no seu final sobre o destino de um dos protagonistas em questão. Não achei correto o destino, embora tenha toda uma mística e uma certa preparação para isso. Cito apenas esses os problemas.

Agora vamos falar das coisas boas, que é todo o resto. Não há dúvidas que o diretor e roteirista Alex Garland mandou muito bem e fiquei surpreendido ao saber que ele decidiu que esse seria o seu último filme como diretor, dizendo que vai se ocupar apenas como roteirista. Em seu currículo, temos filmes como Ex Machina (2014), Aniquilação (2018) e Men: Faces do Medo. Todos esses podem ser classificados de bons a ótimos facilmente.

Como abordado antes, o longa não se centra na guerra em si, mas sim na vida desses jornalistas de guerra que fazem o possível e o impossível para conseguirem boas fotos e assim mostrar ao mundo o que de fato está acontecendo. Com esse enredo, belíssimas cenas de ação e tensão são reproduzidas em tela. Toda a ação mostrada é fruto de uma ótima direção junto de um realismo não muito esperado. O som dos tiros foram captados de arma de verdade e vai fazer você dar um pulo devido ao tamanho da imersão em que será colocado.

A direção de arte tem o papel de nos contar uma história sem ser dita apenas com o que estamos vendo em cena. Uma cidade destruída, outra vivendo como se nada tivesse acontecendo e confrontos pelo caminho em lugares cotidianos. Não estamos na África e nem na Ásia, o conflito é dentro do próprio Estados Unidos e isso traz uma dinâmica diferente. Forças que podem ser aliadas se atacando e soldados matando civis como se fossem inimigos mortais. Bem cruel.

O grande momento de tensão vem quando conhecemos o personagem de Jesse Plemons (Assassinos da Lua das Flores). Ele é marido de verdade da Kirsten Dunst (Homem-Aranha) e aparece apenas nessa única cena. O diálogo dela é tão nervoso que esperamos o pior para todos os protagonistas. Fenomenal e esse cara merece um papel que o faça se elevar mais. Ele é bom demais. Além dessa cena, todo o clímax é sensacional. Nessa hora, que vemos onde foi parar todo o dinheiro implementado na produção. Tudo lindo e aterrorizante.

Antes de terminar o texto, preciso mencionar o nosso querido Wagner Moura (Tropa de Elite). Ele é incrível de qualquer forma e apesar de não ter um brilho constante, tem seus momentos ótimos e inesquecíveis. Inclusive, o diálogo mais icônico dessa obra surge dele e nos dá uma ótima noção sobre os verdadeiros líderes de países por aí.

Guerra Civil é um ótimo filme que entregou mais do que eu esperava. Recomendo que vejam em uma ótima sala de cinema. Acredite, isso faz uma diferença primordial a uma obra como essa. Esse é o jeito certo de assisti-lo e garanto que dessa forma a experiência terá sido completa.