DONZELA

A atriz Millie Bobby Brown pode ser considerada um dos rostos certos que imediatamente criamos uma conexão com a Netflix. Debutou na série ‘Stranger Things’ (2016 – ) e já protagonizou dois filmes de ‘Enola Holmes’ (2020 e 2022). ‘Donzela’ é a nova empreitada dessa combinação que tem dado certo até então. O longa chega para fixar ainda mais essa parceria e posso dizer que é um blockbuster digno da locadora vermelha que vai agradar aos mais jovens. Porém, alguns clichês e algumas forçações de barra também se fazem valer presentes.

Sinopse: “Estrelada por Mille Bobby-Brown, o filme Donzela segue a personagem Elodie (Millie Bobby Brown), uma princesa de um reino, que concorda em se casar com um lindo príncipe de outro lugar. Mas o que ela não sabe, é que este conto de fadas é na realidade, um grande engano. A realeza pretende sacrificá-la. Enganada pelo rei, a princesa se torna o sacrifício de uma antiga dívida. Agora, presa em uma caverna de dragão e sabendo que ninguém vem resgatá-la, ela precisará usar sua astúcia, inteligência e perseverança para escapar com vida – tudo isso, sem a ajuda de nenhum príncipe encantado.”

O filme começa com um tom e uma estética perfeita para um conto de fadas. Impossível não associar o que está vendo com alguma produção da Disney. Tudo muito limpo e claramente dá para ver que as roupas são novas e intactas sem nenhum tratamento de que as roupas estão gastas, ou que esse mundo exista algum tipo de poeira e sujeira. Prefiro acreditar que tudo isso foi proposital, justamente para contrastar com o que estaria por vir.

O seu primeiro ato todinho é nesse ritmo. Uma história de princesa que conhece um príncipe perfeito e que viverão felizes para sempre. Logo, as verdadeiras intenções surgem e o tom muda completamente. Nossa protagonista sai de um conto de fadas para uma história de terror. Esse clima criado é muito bom, pois nos dá a imersão de que um perigo real está por vir. Embora alguns takes já soem bastante clichês à lá Michael Bay (de baixo para cima com uma girada de câmera), o que se sucede é bem gratificante para o amante de uma boa aventura.

Criar momentos de uma mera menina fugindo de um dragão é bem complicado, mas até que o roteiro, nesse quesito, se sai bem, mas ele falha em outras coisas. Ele exagera o número de meninas que já estiveram nessa situação e do nada rola uma experiência sobrenatural com nossa protagonista apenas para apontar que a trama é mais do que apenas isso. Muito forçado e desnecessário. Havia outros modos dela entender o que estava acontecendo e apelar para isso foi terrível.

Tudo isso nos leva ao clímax. Se Elodie começou como uma menina comum, ela acaba quase como um Conan. Sabe manusear a espada como ninguém e mesmo toda suja e com várias queimaduras mostra quem é que manda nessa caverna. Preciso dizer que nesse momento a galhofa tomou conta da obra e daqui até o final temos um festival de breguices videoclípticas impagáveis. A luta final, a volta ao castelo e sua partida remetem demais a Game of Thrones e temos uma cena digna de risos (no meu caso a gargalhada saiu naturalmente): o castelo todo pegando fogo com centenas de pessoas pegando fogo e nossa protagonista modelando, andando calmamente como a rainha da p**** toda. Confesso que ri.

O longa faz jus ao seu propósito que é entreter. Não posso julgar esse mérito. Boas cenas de ação, um bom CGI, uma atriz cativante e um enredo básico são o suficiente para agradar fãs da atriz e quem gosta de uma boa aventura medieval. O roteiro não é dos melhores, mas também não incomoda tanto quanto deveria. O resultado disso tudo deve agradar aos mais jovens, ávidos por algo mais fantástico e empolgante. A escolha de Millie Bobby Brown para protagonizar não foi a toa.