Divino Amor

Acho complicado falar sobre um filme religioso. Tenho minhas crenças e respeito muito a crença dos outros, o que torna esse serviço um pouco complicado, ainda mais quando temos que transpor o que vimos para o papel. Divino Amor é um filme que fala basicamente sobre a fé do ser humano e as agruras da vida devido a ela. Até que ponto essa fé é testada e colocada a prova? E será que estamos observando bem os sinais que teoricamente são mandados a nós por um ser divino? Após participar dos festivais de Sundance e Berlim, enfim chega aos cinemas brasileiros.

Sinopse: “Joana (Dira Paes) trabalha como escrivã em um cartório e, profundamente religiosa e devota à ideia da fidelidade conjugal, sempre tenta demover os casais que volta e meia surgem pedindo o divórcio. Tal situação sempre a deixa à espera de algum reconhecimento, pelos esforços feitos. Entretanto, a situação muda quando ela própria enfrenta uma crise em seu casamento.”

O filme se passa em 2027 e nele é dito que o Carnaval não é mais a maior festa do Brasil, e sim a Festa Do Amor Supremo. Num país onde a maioria é evangélica, sua maior festa é de música eletrônica (essas muito boas por sinal). Sei que é uma ficção, mas não consegui comprar esse futuro daqui a somente 8 anos. É pouco tempo para isso, mesmo com o governo conservador e hipócrita que temos nos dias de hoje,  inclusive, vemos essa hipocrisia conservadora dentro da película de um modo em que tudo parece normal.

Durante todo o longa escutamos uma frase que é o slogan da igreja do Divino Amor: “Quem ama não trai. Quem ama divide”. Essa frase por si só é uma contradição evangélica enorme (posso estar completamente errado, e se estiver, me perdoem). Em uma época em que a personagem principal tenta salvar casamentos durante o dia para, talvez, alcançar alguma graça divina, a noite participa de um ritual de troca de casais tornando tudo isso um paradoxo religioso. Talvez essa seja a ideia. O fato de quebrar paradigmas religiosos e tacar na cara do espectador conservador que possivelmente ele seja uma pessoa atrasada em seus próprios dogmas. Esse mundo é tão doido que temos drive thru de orações. Você entra com o carro e escuta conselhos de um pastor. De longe sinto aquele gosto de crítica, mas não conseguiu me capturar e só achei tudo muito estranho.

Acredito que vale ver pela curiosidade. Lá fora ele criou um burburinho e foi bem recebido pela crítica especializada. Tenho que dizer que não me pegou como gostaria, mas ainda assim acho que merece uma chance. Tenho uma pequena curiosidade para compartilhar. Fui pesquisar um pouco sobre o filme e dei de cara com um site de relacionamento chamado DIVINO AMOR, que é justamente um site somente para cristãos. Embora tenha buscado algum comentário sobre os responsáveis pelo filme sobre isso, nada foi achado. Será só coincidência? Sei lá, prefiro ficar quieto.