Carro Rei

‘Carro Rei’ chega em breve aos nossos cinemas e já se torna um dos lançamentos nacionais mais curiosos do ano. Ele já chega com uma bagagem de festival nas costas, além de ter conquistado 5 prêmios no Festival de Gramado em 2021. Entre eles, o prêmio de Melhor Longa Metragem Nacional e o Prêmio Especial do Júri para o ator Matheus Nachtergaele, pela construção e domínio do personagem e pela brilhante capacidade de se reinventar.

Sinopse: “Uno tem um dom fantástico: ele consegue se comunicar com carros. Quando uma nova lei proíbe a circulação de carros velhos, e coloca a empresa de táxi do seu pai em perigo, o rapaz busca orientação com seu melhor amigo de infância, um carro de inteligência extraordinária. Junto com seu tio, um mecânico inventivo, eles armam um plano para burlar a lei, transformando carros velhos em “novos”. O carro renasce e seu nome é Carro Rei – um carro que pode falar, pode ouvir, pode até se apaixonar. Um carro que tem planos para todos.”

Posso começar dizendo que ele é um longa bem esquisito. Muito diferente do que eu tenho visto por aí ultimamente. Isso não é um demérito, pelo contrário, isso é ótimo. Sair da mesmice mercadológica acaba sendo um bom vento perante a calmaria. Ele é uma ficção que nos revela mais um embate entre homens e máquinas. Até que ponto nós, humanos, somos reféns de tais construtors mecânicos e imaginem se elas criassem uma revolução.

Ele possui muitas influências bem perceptíveis e outras nem tanto. Como alguns exemplos posso citar: Christine, o Carro Assassino, embora não tenha uma veia de terror por aqui; Transformers, pela ideia de carros pensarem e se moverem sozinhos por aí; Mad Max: Estrada da Fúria, pela parte do culto a máquina; e Crash – Estranhos Prazeres, pelo envolvimento passional e sexual que uma certa personagem tem com o Carro Rei. Tudo isso cria uma mistura muito louca, e por incrível que pareça, que faz sentido.

Em um determinado momento da projeção é dito que o homem durante todas essas eras sempre quis ser equivalente a uma máquina. Sempre construindo ferramentas que o auxiliem em algo que o próprio humano por si só não consegue. É com essa ideia lançada que a loucura toma conta na sua parte final. Fiquei meio incrédulo com o que estava acontecendo, mas abracei a fantasia. O culto a máquina foi demonstrado de uma forma muito fantasiosa e muito louca. Embora tenha achado estranho, acredito que seja um dos pontos altos da projeção.

Ele ainda tem um pequeno espaço para ser pró-natureza. Isso acaba sendo uma das mensagens que acabei captando. Não importa o quanto criemos máquinas para nos ajudarem nos afazeres do cotidiano, o que nos mantém vivos é a própria natureza. Sem ela em nosso alcance o resto não serve para nada.

Não acho que ele seja um filme para qualquer um, mas recomendo por sua narrativa não ser tão convencional como vemos por aí. Não o achei brilhante, mas dá para colher bons frutos dele. Os amantes de longas nacionais, principalmente oriundos de festivais, terão ele como um prato cheio para digerir. A coragem de uma história ficcional desse tipo por si só já valeria uma conferida direta nele, sem precisar de algum respaldo anterior.

‘Carro Rei’ chega aos cinemas em 30 de junho.