Blade Runner 2049

Há textos que faço que são inevitáveis de entregar minha idade, este é um desses. Lembro de ser criança, não lembro minha idade exatamente, mas lembro de ver meus irmãos vendo um filme muito estranho, com cenas bem escuras em um clima bem soturno com robôs malvados em um futuro longínquo de 2019. Naquela época isso foi o suficiente para eu virar fã do primeiro Blade Runner (1982), dirigido por Ridley Scott. O longa na época foi fracasso de bilheteria, mas aos poucos conquistou o status de cult se tornando assim um dos filmes de ficção científica mais queridos pelo público. Ao ver o filme mais velho eu entendi o porquê desse filme ser tão importante dentro da ficção científica, coisas que não compreendia criança se tornaram incríveis aos meus olhos já adultos. 35 anos após o lançamento do primeiro, finalmente vemos a continuação deste clássico, e já digo que mantém o nível de forma gloriosa.

Sinopse: Trinta anos após os eventos do primeiro filme, um novo blade runner, o policial K (Ryan Gosling), do Departamento de Los Angeles, desenterra um segredo que tem o potencial de mergulhar o que sobrou da sociedade em caos. A descoberta de K o leva a uma jornada em busca de Rick Deckard (Harrison Ford), um antigo blade runner da LAPD que está desaparecido há três décadas.”

De cara já vou dizer que o filme não é de ação, se for algo que você espera, é melhor nem ir, até tem algumas cenas assim, mas de longe esse não é o foco da questão. Agora, se você quer ver um filme de ficção científica raiz, com embates filosóficos que te faz ter dúvida sobre o que está acontecendo e que remetem diretamente ao filme de 82, você está no lugar certo. Todas essas questões de “será que todos são replicantes?” ou “replicantes podem ter alma?” estão lá, mas não de uma forma banal, mas sim de modo que após a sessão você ainda pensará sobre isso. Até mesmo o fato de você se sentir especial é algo que vai fazer refletir.

O filme é grande (2h 43), mas não há uma cena que não seja importante, cada detalhe de olhar, de cenas sem diálogos e de lágrimas escorrendo pelo rosto tem um porque de estar ali. Muito desses detalhes vem da direção de Dennis Villenuve (A Chegada) que sabe exatamente o que está fazendo, provando que foi a melhor escolha. E apesar de ter passado muitos anos e a tecnologia ter melhorado bastante, ele consegue fazer com que sintamos a aura e o clima do primeiro longa. Toda a ambientação é significativa e linda para os olhos, com todos aqueles neons e amarelos contrastando com o clima escuro, fotografia maravilhosa.

Gostaria de simplesmente fazer uma análise completa aqui, mas isso ia requerer que eu visse novamente o filme para pegar todos os detalhes deixados, e também não o faço porque acabaria por dar spoilers demais e estragaria a experiência.

Com o final, me foi percebido que muitas questões ficaram sem ser respondidas, o que dá margens a mais continuações, e como foi preciso 35 anos para vermos esta continuação, só posso esperar que não demore tanto tempo assim para o próximo. Não há nada de concreto sobre isso e nem boatos sobre, mas eu realmente espero que tenha.

PS: Queria ter uma Joi para mim