Babilônia

A década de 1920 ficou conhecida como “Os Anos Loucos”, pois tivemos grandes mudanças de valores, libertação da mulher e festas grandiosas regadas a bebida alcoólica e muito sexo. É justamente nesse cenário em que começamos ‘Babilônia’. Os seus 30 minutos iniciais mostram tudo isso o que acabei de citar, adicionando ainda drogas e muito jazz em uma festa de colocar inveja a qualquer boêmio que se preze. Toda essa sequência inicial já seria o suficiente para ganhar qualquer cinéfilo por aí, além de vários prêmios da indústria, tamanha é a perfeição técnica desse momento. Mas isso é apenas o início.

Sinopse: “Em Babilônia, no final da década de 1920, Hollywood passa por um período de grande mudança, com a transição do cinema mudo para os filmes falados. Uma grande estrela da indústria, cheia de sucessos de bilheteria, Nellie LaRoy, ascende em sua carreira, migrando com sucesso de um modelo cinematográfico para o outro. Porém, nem todos os atores têm a mesma sorte, trazendo, a inovação tecnológica, dificuldade para alguns.

A sinopse lembrou que esse filme não é sobre Os Anos Loucos e sim, sobre o cinema. Para ser mais específico, é sobre o momento em que o cinema passou de mudo para falado. Hoje em dia, isso pode não parecer muita coisa, mas foi uma grande mudança de paradigma na época. Grandes atores e atrizes não conseguiram se adaptar ao novo mundo e sucumbiram a grandes males. A indústria de Hollywood pode ser cruel com todos. Estar em cima, não quer dizer que estará sempre no topo. A queda certamente é mais rápida e mais dolorosa que a subida.

Embora o drama pegue forte em diversos momentos, preciso lembrar que ele também é uma comédia. Digo isso, pois temos sequências incríveis onde esse quesito prevalece demais. Toda a cena da gravação da batalha épica é de chorar de rir e está entre os melhores momentos de todo o filme. Assim como a cena diante da primeira gravação de um filme falado. Elas são excelentes e mesmo com o seu devido exagero, elas mostram como é difícil e estressante estar em um set de filmagem.

Pode não parecer a princípio, mas esse longa é um grande épico sobre uma parte da história do cinema. É clara a homenagem a todos esses momentos e o quanto devemos hoje a todas essas lendas do passado. Se houver dúvida sobre isso, basta esperar o seu final que frisa bem esse detalhe e é impossível não se emocionar um pouco. Damien Chazelle (Whiplash: Em Busca da Perfeição e La La Land: Cantando Estações) escreve e dirige a produção e mostra o porque dele ser um dos maiores nomes da indústria no momento. Entendemos também que ele é um grande apaixonado pela 7ª Arte.

E as atuações? Olha, Brad Pitt (Era Uma Vez Em…Hollywood) e Margot Robbie (Eu, Tonya) estão incríveis. Não havia desconfiança nenhuma quanto a eles, mas se houvesse, acabaria por aqui. Os dois dão um show de atuação e definitivamente são os grandes destaques. Mesmo assim, não posso deixar de citar nomes como Jean Smart (da série Hacks), Diego Calva (Narcos: México) e Jovan Adepo (Operação Overlord) que também estão muito bem e que conseguem manter o nível de atuação lá em cima.

Sei que pode parecer exagero, 2023 acabou de começar, mas já coloco ‘Babilônia’ como um dos melhores do ano sem mesmo saber os lançamentos que virão. Ele é um épico para os cinéfilos que irão se emocionar e se empolgar com todas as nuances mostradas aqui. Devo comentar também que ele não é perfeito. A sua longa duração com exatos 169 minutos podem dar uma cansada. Ainda mais que ele começa lá em cima e vai caindo aos poucos. Considero isso apenas um detalhe, mas que não tira o brilho do que é essa obra de arte.