A Praga – Filme perdido de Zé do Caixão

Está sendo “vendido” como o filme perdido de José Mojica Marins (Zé do Caixão), mas é muito mais que isso. Além de realmente contê-lo, seu início apresenta o curta documental “A Última Praga de Mojica”. Seus 40 minutos iniciais são explicações do que virá a seguir e toda a obra de resgate dessa tão importante obra da cultura brasileira, que irá proporcionar ao publico mais jovem, a oportunidade de assistir a um filme do Zé do Caixão em tela grande.

A Praga” foi rodado originalmente em 1967, como um episódio para o programa “Além, Muito Além do Além”, uma espécie de “Além da Imaginação” do cultuado Rod Serling, que continha Mojica como apresentador de contos macabros. Este episódio em particular, foi baseado em um HQ de Rubens Francisco Luchetti, importantíssimo nome do terror brasileiro. Porém, nunca foi ao ar. Em 1980, José Mojica resolveu refilma-lo, o que parece piada ou maldição, é que o filme se perdeu novamente. Este projeto final, é um trabalho de resgate, remasterização e dublagem do filme de 1980, pelas mãos de Eugenio Puppo.

Um fato muito interessante, é que em 1994 foi lançado na TV americana um telefilme chamado “Além da Imaginação – Os Clássicos Perdidos de Rod Serling”, baseado em dois episódios escritos para o seriado “Além da Imaginação”, mas que nunca foram ao ar e encontrados no porão de Serling quase 20 anos após sua morte.

Na trama, Juvenal é um jovem atormentado pela praga lançada por uma senhora no meio do mato que lhe parecia uma velha bruxa. Marina, sua mulher tenta de tudo para ajudá-lo a conter os terríveis pesadelos, mas, eventualmente, fica evidente que Juvenal irá sucumbir a terrível praga.

Os efeitos visuais estão espetaculares para uma obra feita em 1980. “A Praga” não é um filme para ser visto como entretenimento e sim estudo. Oportunidade, resgate, acervo e cultura, além de matar as saudades do eterno e mundialmente conhecido Zé do Caixão (A Meia-noite levarei a sua alma), que nos deixou em 2020. Este terror pode causar polêmicas, uma vez que menciona uma religião.

Os efeitos de som estão bastante precários, já que o som original se perdeu. Na falta de um roteiro, Puppo contou com a ajuda de uma deficiente auditiva para ler os lábios dos atores para que fosse possível fazer a dublagem dos diálogos. Não está impecável, mas é preciso ter em mente que este é claramente um trabalho com poucos recursos financeiros. Conteúdo obrigatório para cinéfilos e estudiosos de terror, cinema e cultura brasileira em geral.