A Noite do Dia 12

“A noite do dia 12” é o novo filme do diretor e roteirista premiado Dominik Moll (Harry Chegou Para Ajudar). É uma carta, um retrato ou talvez uma imagem com uma mensagem escondida, ao mesmo tempo que grita por mais de uma hora e meia o que deveria ser óbvio, mas parece não ser.

A trama conta a história baseada em fatos reais de uma investigação policial sobre o caso do homicídio de Clara Royer, uma menina de 21 anos em uma cidade perto de Paris, que morre incendiada voltando para casa de uma festa. A história é contada pelo ponto de vista do chefe da investigação Yohan, vivido por Bastien Bouillon, que acabou de ser promovido a chefe desse departamento. Os policiais vão de suspeito a suspeito tentando achar pistas.

O mais interessante do filme é que o vemos pelo ponto de vista de um homem, com um colega próximo que é homem, numa equipe de homens, entrevistando suspeitos homens. E acabamos por ser lançados dentro de um universo masculino. Uso especificamente a palavra Universo, porque todos estes homens possuem posturas e comportamentos diferentes, não apenas os suspeitos, mas também os policiais, não apenas sobre o caso mas também sobre mulheres e pontos de vista.

Enquanto nosso protagonista é focado em solucionar o caso e se entende como parte do problema, seu colega mais velho e sem paciência quer resolver tudo de outra forma. Um outro exemplo seria alguns policiais acharem um absurdo o psicopata que ateou fogo na vítima, mas ao perceber que ela saia com vários caras, não hesitam em colocar a culpa na conta da vítima.

Mesmo o filme sendo essencial, sensível e emocionante, ele pode não agradar a todos os públicos, já que não possui o momento catártico que muitos estão acostumados e esperam. Ainda assim, cada frase vale a pena. Em um mundo onde existem Incels e Red Pills pairando sobre a juventude masculina, esse filme é necessário.

Obrigada Dominik por este longa! Mesmo que pareça que estamos correndo numa roda de hamster, ou numa pista oval, enquanto tiver alguém querendo fazer a diferença ainda podemos ter fé na humanidade.