Beau Tem Medo

Quem me acompanha ferrenhamente por aqui sabe o quanto eu venero a produtora A24. Tenho a opinião de que ela tem trazido muitos filmes inovadores e bons para o cinema. Alguns excelentes e outros nem tanto, mas até mesmo esses nos trazem algo a mais para se refletir. Se juntando a ela temos o diretor Ari Laster, que fez dois ótimos filmes de terror moderno: ‘Hereditário’ de 2018 e ‘Midsommar: O Mal Não Espera a Noite’ de 2019. Além disso, ainda temos o ganhador do Oscar, Joaquin Phoenix (Coringa). Agora me diz, com essa apresentação e currículo teria como ‘Beau Tem Medo’ dar errado? A resposta é subjetiva, depende de como você vai vê-lo, mas para mim ele caiu mal e já é um candidato a pior filme do ano.

Sinopse: “Ambientada em um presente alternativo, a trama acompanha Beau Wassermann (Joaquin Phoenix), um homem extremamente tenso e paranoico que tem uma relação turbulenta com a mãe dominadora, Mona (Patti LuPone), e nunca conheceu o pai. Quando Mona morre, Beau precisa ir até sua antiga casa para o funeral, mas a viagem acaba sendo dificultada por uma série de acontecimentos imprevisíveis que parecem tentar desviá-lo de sua jornada a qualquer custo. Agora, ele deve enfrentar seus piores – e mais absurdos – medos se quiser chegar ao seu destino.

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Escrever sobre esse filme será uma tarefa extremamente difícil, pois ainda o estou digerindo. Ele certamente possui camadas que ainda não descobri e preciso revê-lo para poder pegar essas nuances que passaram batidas por mim. O problema é que não quero nunca mais ver esse exemplar e, infelizmente, com isso, muitas coisas acabarão se perdendo. Sua longa duração (2h 59m) e o fato de ser uma narrativa completamente absurda me cansou e me fez, por muitas vezes, perguntar o que eu estava vendo.

Os primeiros momentos do longa são os únicos que realmente parecem sãos. Beau, ao visitar seu terapeuta já nos dá a entender que possui um problema psicológico grande, mas que não sabemos exatamente qual é. Daí até o final, tudo o que se sucede é um grande amontoado de maluquice em um mundo mergulhado no absurdo e na esquizofrenia. Tudo é surreal e por vezes o que estamos vendo em tela se assemelha a um sonho. Por um momento, pensei que iria por esse lado, mas não foi. Ele determina que o mundo é real, mas completamente inabitável para uma pessoa sã.

A relação entre mãe e filho é o grande cerne da história. Logo em seu início, notamos o respeito e o medo que Beau tem por sua mãe e como tudo começa a acontecer de verdade por causa desse medo. Não entendemos essa relação direito até os seus momentos finais. Temos um clímax, uma descoberta, mas novamente o surrealismo chega e nos tira completamente do que estamos vendo. Outro ponto que merece um destaque é o fato de traumas serem revelados, mas não terem um fim. Algumas coisas são deixadas para lá e só temos que aceitar.

Não tenho como negar que ‘Beau Tem Medo’ é um acontecimento cinematográfico. Sua longa duração junto com sua jornada maluca nos dá um tom épico muito bom, mas, que ao meu ver, não chega a lugar nenhum. Aceitei o louco esperando que no final tudo fosse fazer sentido de uma forma que me deixaria arrepiado e de boca aberta. Não aconteceu, acabei com raiva e me perguntando o que foi tudo isso. A opinião é claramente objetiva e tenho certeza que irá agradar uma boa parcela, ainda mais se forem fãs do diretor David Lynch. Quem ver, vai entender.