Reinfield: Dando o Sangue Pelo Chefe

A primeira aparição do Drácula no cinema foi em 1922 no filme expressionista alemão, mudo, pelas mãos do renomado F. W. Murnau, de título “Nosferatu”. Apesar de ser adaptação do livro “Dráculade Bram Stoker, o vampiro se chamava Conde Orloff invés de Conde Drácula. De lá para cá, foram feitas diversas adaptações do personagem nos mais  variados moldes, sempre variando de acordo com o contexto histórico da época em que foi feito.  O personagem Renfield, foi retratado de formas bem diferentes, sofrendo elipse em alguns filmes ou amalgama com outros personagens, muitas vezes até mesmo mudando de nome. Em geral, era um personagem extremamente secundário e até mesmo caricato. Em “Renfield: Dando o Sangue Pelo Chefe”, é o protagonista, deixando Drácula em segundo plano.

A trama se passa em tempos atuais. Ao procurar novas vítimas para seu mestre, Renfield vai parar num grupo de apoio em Nova Orleans para pessoas que vivem relacionamentos abusivos, quando se da conta de que está em um. Drácula domina sua vida sem lhe dar quase nada em troca. Renfield então parte em uma jornada de autoconhecimento, faz amizades e vai tentar se livrar do domínio do mestre sem que nenhum inocente se machuque no caminho.

O filme é muito mais uma comédia do que qualquer outra coisa. O protagonista Renfield é interpreta por Nicholas Hoult, que começou sua carreira na infância, mas que hoje está em alta por estar no elenco da série “The Great” e no filme “O Menu”. Nicolas Cage é o Drácula perfeito, em atuação, maneirismos e fisicamente, pena, que o personagem aparece poucas vezes, mas quando acontece, domina totalmente a cena. Interessante que o tio de Cage, Francis Ford Coppola, dirigiu sua própria versão da obra de Bram Stocker em 1992.

Adição interessantíssima ao elenco é a divertida e carismática Awkwafina (Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis), que aqui interpreta Rebecca, uma policial destemida e bem-intencionada. Neste filme, o vilão não é apenas o vampiro, mas também, uma organização criminosa que conta com o engraçadíssimo Ben Schwartz (Parks and Recreation).

Os pontos altos do longa são o início, onde é feito um pequeno resumo mesclando cenas do filme de 1931 e 1992 com o atual; e a relação entre Renfield e Rebecca, que protagonizam cenas engraçadíssimas. O desfecho é pouco crível, mas ainda assim, vale muito a ida ao cinema. Diversão garantida neste filme que utiliza personagens clássicos para tratar temas atuais como relacionamentos abusivos e sexualidade fluida.