Pacto Brutal – O Assassinato de Daniella Perez

Além de entreter, os documentários têm a função de ensinar e/ou fazer resgate histórico. Nas palavras de Edmund Burke “Um povo que não conhece a sua história está condenado a repeti-la”. Assim, passados 30 anos, a série documental “Pacto Brutal – O Assassinato de Daniella Perez” é de extrema importância e relevância. Não só para sanar curiosidade e sim para relembrar um dos crimes mais hediondos do país e que chocou o mundo para que não seja repetido. Com direção e roteiro de Guto Barra, somos levados ao longo de 5 episódios à um mundo de dor e sofrimento que pode causar choro em qualquer mãe que os assista.

A série foca totalmente na visão da roteirista Glória Perez, que em 1992 teve sua filha Daniela brutalmente assassinada. Através de relatos de Glória, seu filho, seu irmão, sobrinha e mais vários membros da comunidade artística temos um retrato bem forte da tristeza vivida pelos envolvidos. Histórias como a de Glória nos fazem lembrar a de Zuzu Angel, que durante a ditadura militar lutou para encontrar o corpo do filho, inspirando o cantor Chico Buarque a compor a canção Angélica. “Quem é essa mulher que canta sempre o mesmo arranjo. Só queria agasalhar meu anjo e deixar seu corpo descansar”. Glória, Zuzu, Ana Carolina Oliveira (Nardoni), dentre tantas outras não se calaram, encontrando forças para sobreviver na busca por justiça, não só para si mesmas, mas para que no futuro outras mães encontrassem justiça para seus filhos.

 

Além dos relatos dos artistas, temos depoimentos da especialista em psicopatas, Ana Beatriz Barbosa (Mentes Perigosas), policiais e mais, pessoas desconhecidas que na época acabaram contribuindo para levar à justiça o casal de assassinos Guilherme de Padua (ator que contracenava com Daniela) e Paula Thomaz. Essa história é mais uma que prova que infelizmente, no nosso país, o pobre que rouba comida fica preso, mas o assassino endinheirado ou é liberado rápido da cadeia onde encontra mil regalias, ou vira celebridade.

Apesar de muito justo “Pacto Brutal – O Assassinato de Daniella Perez” acaba sendo um pouco tendencioso ao insinuar sem provas concretas que houve uma espécie de ritual macabro envolvendo o crime. Apesar disso, o que todas as pessoas com mais de 30 anos se recordam fica claro, houve um assassinato brutal, cruel de uma jovem de 22 anos que foi vítima de misoginia por parte da imprensa, mais uma vez, uma mulher “pediu” pelo que lhe aconteceu. Por mais doloroso que seja assistir a esta produção da HBO Max, é necessário para que o povo nunca se esqueça das injustiças e impunidades que acontecem no Brasil.