Para muitos estudiosos, “Stranger on the Third Floor” (que em português se chamou “O Homem dos Olhos Esbugalhados”) é considerado o primeiro filme noir da história do cinema. Para outros, o noir só estaria completo com certos elementos que faltam a essa trama e foram inseridos em longas como o famoso “Pacto de Sangue” de Billy Wilder. “O Homem dos Olhos Esbugalhados”, só se insere no gênero pela parte técnica, como as luzes, o estilo de filmar e por conter um mistério a ser revelado. Nele não há a loira fatal como força motriz da história, o detetive que persegue o caso, o homem infeliz que despreza o mundo e nem muitos outros elementos característicos da narrativa do gênero.

Na trama, Michel (John McGuire) é um jornalista novato que vive feliz sendo namorado da bela e doce Jane (Margaret Tallichet). Sua vida muda quando é testemunha ocular de um crime. Mesmo sem ter muita certeza, ele condena um homem por assassinato. Michael detesta seu vizinho, que reclama de barulhos mínimos. Depois de declarar em público várias vezes que teria vontade de matá-lo, o vizinho aparece morto. Para se livrar, ele precisa encontrar quem acredita ser o verdadeiro culpado, um homem de olhos esbugalhados e cachecol branco que rondava seu prédio (Peter Loore).

Ao invés de uma mulher fatal, temos uma verdadeira heroína de princípios. Jane fica horrorizada quando um homem é condenado à pena de morte pelo testemunho do namorado.  Cabe a ela procurar em toda parte pelo homem que seu namorado acredita ser o verdadeiro culpado. A trama se desenrola para um final inesperado. A lição do filme é clara, não aponte o dedo, pois um dia o acusado pode ser você.

O diretor Boris Ingster (Dinheiro Sangrento) além do gênero noir, brinca com o surrealismo ao colocar em um sonho do protagonista, imagens psicodélicas onde realidade se mistura com a fantasia.