Westworld – 3ª Temporada

Westworld é uma série de ficção científica na veia. Ela tem tudo o que fãs do gênero gostam, mas não acho ela tão fácil de ser digerida. Entendo o porque de muitas pessoas terem a abandonado. Até mesmo para mim, que gosto da série, me senti fatigado ao final da 2º temporada. Tal cansaço se deu ao fato de uma escolha narrativa confusa em que nunca temos certeza completa se entendemos as coisas direito ou não. A terceira temporada veio com a promessa de um “refresh” e até consegue isso, mesmo assim ela não se larga dessa narrativa capaz de fritar nossos neurônios.

Optar por continuar a história longe do local onde dá nome a série foi bem corajoso e faz com que o primeiro episódio seja excelente. A dinâmica é nova, e podemos ver como é esse mundo que é capaz de criar um parque tão fantástico quanto Westworld. Todas as sacadas futurísticas mostradas nesse episódio são sensacionais, desde a criação de arquiteturas modernas a coisas bobas como uma camisa que muda conforma o seu humor. Algumas coisas são bem pequenas, mas nos mostram como esse mundo é interessante de se conhecer. Sem contar também que a série mostra uma agilidade que move a história para frente.

Infelizmente, toda essa agilidade já se esvai no 2º episódio. Ele volta a ser o nosso Westworld velho e cansativo de sempre. Acompanhamos a Maeve dentro de uma simulação emulando um parque com a temática da 2º Guerra Mundial. Esteticamente é tudo lindo, mas quando vamos para a história ela volta a nos deixar confusos. Dessa forma, vamos até o final com essa mudança drástica de algo revigorante a algo repetitivo e cansativo. Essa forma de contar a história faz parecer com que a série pareça arrogante demais. Ela se acha muito inteligente e mirabolante, e as vezes se contasse uma história mais simples seria melhor, mas isso é Westworld e nada é fácil.

Além da temática principal da série, temos um outro tema que ganhou destaque e mote principal ao final: o livre arbítrio. Você abriria mão dele para viver em uma sociedade perfeita? Alguns certamente diriam sim, mas não acho tão simples assim. Prefiro saber que o meu destino é criado por mim e não por uma máquina. Você já ser pré-determinado me parece uma escravidão velada. Quem for bem sucedido até pode escolher essa utopia, o não privilegiado vai querer derrubar isso. Ao derrubar portas que nunca vimos pode nos deixar desorientados e a beira do caos, mas acredito que a verdade sempre prevalece. Irônico que essa revolução venha através de um robô e muito interessante mostrar que não somos tão diferente quanto as criações para diversão do parque.

Tudo que pude dizer sobre a série em si eu já disse, mas gostaria de pontuar a participação de alguns personagens na temporada.

  • Dolores continua a mesma obstinada que vimos na temporada anterior. É a força motriz por trás da série e sem ela não teríamos história. Mesmo que nos irrite em vários momentos, nos é mostrado que a série é dela. Evan Rachel Wood está belíssima aqui, contrastando um pouco com o seu lado que vivia em Westworld.
  • Maeve é colocada como a antagonista de Dolores nessa temporada. Para mim, isso não fez sentido, mesmo que a recompensa dela fosse ficar ao lado da filha. Acho que Maeve tem personalidade o suficiente para não deixar ser controlada assim. Thandie Newton sempre ótima e indicada esse ano ao Emmy como atriz coadjuvante.
  • Bernard que era para ser o verdadeiro contraponto da Dolores passa uma temporada quase que ignorado. Ele não faz nada para avançar a história e só está ali. Um personagem ótimo que foi deixado de lado. Espero que melhorem ele daqui para a frente. Jeffrey Wright também foi indicado ao Emmy 2020 como ator coadjuvante.
  • William foi outro que não teve um grande destaque. O que vimos dele foi saber que ele já não era uma boa pessoa desde criança e é isso. Amo o Ed Harris, mas aqui também foi desperdiçado.
  • Charlote sim, teve um dos melhores arcos. Sem dar muitos spoilers sobre ela, só vou dizer que teve um papel importantíssimo na temporada e certamente vai vir com tudo em uma próxima temporada. Seu desenvolvimento mesmo que rápido foi e será crucial para o futuro da série. Tessa Thompson sempre maravilhosa.
  • Por último, vou falar do Caleb, o novo personagem vivido por Aaron Paul (Breaking Bad). Ele ganha em suas mãos o protagonismo da série mesmo que ele e nem você saiba exatamente como isso aconteceu. Ele é o ‘”escolhido”, mas me perdi no momento exato em que isso aconteceu. Possivelmente estará na próxima temporada e vamos ver o que ele nos trará de novo.

Tirando isso vou deixar só algumas informações e curiosidades a mais (possivelmente contendo spoilers).

  • Rodrigo Santoro tem sua participação no núcleo da Maeve e, provavelmente, se despediu do personagem que aprendemos a gostar.
  • Achei do nada a informação de que o Stubbs (Luke Hemsworth) também é um robô. Só aceitei, mas foi legal vê-lo em parceria com o Bernard.
  • O mistério deixado na temporada passada foi respondida aqui. Quem seriam as 5 esferas levadas pela Dolores para fora do parque. Foi respondido que eram todas cópias da própria.
  • Os criadores de Game of Thrones, David Benioff e D. B. Weiss fazem uma participação especial como os “açougueiros” do parque e mostram um dragão da própria Game of Thrones como se fosse uma atração de algum parque. Esse easter egg foi legal pois lembro que na época as pessoas na Internet tinham uma tese de que Game of Thrones seria um dos parques do mundo de Westworld.