Vento Seco
‘Vento Seco’ é um filme nacional que saiu em 2021 e que chamou bastante a atenção de festivais e da mídia estrangeira. Adicionei ele na minha lista após ter saído por aí como um das melhores películas de 2021. É honesto de minha parte dizer que não achei ele algo fácil de se entender. Não que ele tenha uma linguagem complicada ou que tenha uma grande trama, mas por ele ser monótono assim como a vida de nosso protagonista. Além disso, ele possui uma veia bem fetichista que pode vir a incomodar quem não está preparado.
Sinopse: “A área ao redor de Catalan, no estado brasileiro de Goiás, é seca, muito seca. A vida de Sandro aqui é tão seca quanto monótona. Ele trabalha em uma fábrica de fertilizantes e divide seus dias entre o clube da cidade, o trabalho, o futebol com os amigos e as festas da cidade. Além disso, mantém uma relação puramente sexual com o colega Ricardo. Quando Maicon, um desenista de Tom of Finland, aparece em sua pequena cidade e flerta com Ricardo, os crescentes sentimentos de ciúme de Sandro iniciam uma mudança.”
A primeira coisa que preciso falar dele é de todo o seu ar fetichista. Em alguns momentos ele se torna um grande pornô com cenas bem explícitas de sexo sem qualquer pudor. A princípio isso me incomodou e certamente não é algo para se ver em família. O que me pareceu jogado em tela me fez ver o sentido depois. Essas cenas não estão ali gratuitamente, elas fazem parte da mente de nosso protagonista. Um homem gay que se sente reprimido em uma cidade que por si só já parece ser opressora.
Toda essa repressão pode ser objetificada como o vento seco que dá nome ao título. A aridez da região é levada fisicamente para o personagem quando em momentos vemos sua boca machucada justamente pela falta de um tempo mais ameno. O seu comportamento também transborda esses níveis de secura. Ele é uma pessoa amargurada e quando não consegue se expressar como se sente de verdade, acaba agindo de forma estúpida e sem sentido.
Particularmente, eu não gostei dele, mas é possível ver a magia do cinema nele. Justamente por essas nuances que vão ficar completamente despercebidas para alguém que for vê-lo apenas por ver. É possível achar o protagonista um porre, mas é muito interessante ver os simbolismos em sua volta e entender o que cada cena desconexa nos passa. Por último, só quero deixar a dica de que ele não é feito para se ver em família. Rola um desconforto em algumas cenas que seria pior se estivesse com seus pais na sala.