Uma Vida Oculta

Impressionante como, mesmo após quase 80 anos, a Segunda Guerra Mundial ainda seja tão fascinante e com histórias incríveis de pessoas que nunca ouvimos falar. Um filme que foi criado a partir de cartas enviadas entre Franz Jagerstatter (o protagonista da história) e sua mulher. Uma história que nunca teria ganhado vida se não fossem por essas cartas, daí o título do longa. Uma vida de um herói que ninguém poderia saber e que nunca teria sido contada.

Sinopse: “Franz Jägerstätter (August Diehl) é um fazendeiro austríaco que se torna herói em circunstâncias um tanto quanto inusitadas. Quando ele é convocado a lutar junto ao exército alemão durante a Segunda Guerra Mundial, ele se recusa e acaba, com apenas 36 anos de idade, condenado à pena de morte por traição à pátria.”

Imagina você ter personalidade o suficiente para ir  contra toda uma sociedade, mesmo sabendo que será hostilizado, chamado de traidor e que a vida da sua família não será fácil depois disso. Em muitos momentos de nossas vidas ser correto nunca é fácil e em muitos momentos deixamos de fazer coisas por medo de represália social. Considero mais um filme com uma temática bem atual. É certo seguir um líder mesmo sabendo que ele é uma pessoa horrível? Sua convicção para o bem vai se perder com medo de ser julgado e excomungado desse grupo? Máscaras caem, mas acredito que devemos sim nos manter íntegros.

Não sou um fã convicto de Terrence Malick (A Árvore da Vida), diretor e escritor do longa. Sempre achei ele muito contemplativo e um filme com duração de 2h54m se torna muito cansativo e um tanto quanto maçante. Não tiro de jeito nenhum a sua qualidade técnica, pois ele sabe o que faz e é simplesmente uma obra de arte. A fotografia junto com aquelas paisagens de aldeias austríacas são simplesmente maravilhosas, e tudo junto com uma trilha ricamente encaixada o torna uma pintura com música e movimento. Uma verdadeira poesia.

Esse filme fez parte da seleção oficial do Festival de Cinema de Cannes. Os caras sabem selecionar títulos e esse não está fora disso. É um bom longa, mas que se for visto da forma errada vai acabar sendo chato, mesmo que sua história seja rica e de um exemplo a ser seguido nos dias de hoje. A minha opinião é que vale o esforço de vê-lo, pois estamos diante de um herói que os nazistas fizeram questão de fazê-lo ser esquecido, e só por isso já vale.