Um Estado de Liberdade

 

Eu poderia passar horas tecendo elogios a este filme que com certeza vou comprar o DVD quando sair. Poderia dizer que a mixagem de som é impecável, as atuações impressionantes, as cenas de ação eletrizantes e a história verdadeiramente emocionante, mas nada se compara as belíssimas falas de impacto que se encontram no roteiro.

 

Esta maravilhosa produção cinematográfica se passa inicialmente em 1862 (durante a Guerra Civil americana), no Mississipi. Newton Knight é um soldado confederado que ao testemunhar a morte do seu sobrinho em combate decide retornar para casa levando o menino, pois acredita que uma mãe tem o direito de enterrar seu filho. Neste momento, ele decide desertar, pois percebe que não está disposto a morrer em combate para que outros fiquem ricos roubando milhos e plantações de algodão.  Porém, ele não é apenas um desertor que não está disposto a lutar por uma guerra sem propósito, o ex soldado tem alma de herói, e começa a sair de seu esconderijo para ajudar a população local que está à mercê de capitães que dizem recolher 10% das plantações e animais das fazendas para financiar a guerra, quando, na verdade, levam 90% e enriquecem cada vez mais, deixando os verdadeiros donos cada vez mais miseráveis.

 

Em determinado momento, os confederados estão na caça por Newton, sua esposa o deixa e ele é levado por uma escrava chamada Rachel (Gugu Mbatha Raw, que estará no elenco de “A Bela e a Fera”) ao pântano, onde conhecerá escravos fugidos e percebendo que de uma forma ou de outra um homem sempre é escravo de alguém, ele cria no pântano um “Estado de Liberdade”, em inglês e mais correto, “The Free State of Jones”. Que não ficará só lá, outros desertores, escravos fugidos e a população revoltada, irão lutar sob o comando de Knight para conquistar muito mais liberdade do que apenas nestas imediações.

 

Em paralelo com a história passada por volta de 1862, no mesmo lugar, o neto de Newton, no ano de 1950, apesar de ser branco, é acusado em julgamento de ter sangue negro (por supostamente ser neto de Newton e Rachel), e ser casado com uma mulher branca, algo proibido naquela região. Sem duvida nenhuma, é um absurdo o casamento inter-racial, depois de tantos anos, ainda ser considerado crime no estado do Alabama.

 

Este longa do diretor Gary Ross (Jogos Vorazes) mostra também a abolição da escravatura, a intolerância, a maldade, o preconceito e como a vida era difícil para os negros mesmo não sendo mais escravos, pois as perversas pessoas que buscavam o lucro a qualquer preço sempre encontravam uma brecha nas leis para justificar suas atitudes.

 

Com o camaleão Matthew McConaughey no elenco, já era de se esperar, o ator está com caracterização igual à de Newton Knight. Este revolucionário do qual tínhamos pouco conhecimento (até o filme aparecer), morreu com idade bastante avançada para a época, no ano de 1922 aos 84 anos.

 

newton

Um personagem muitíssimo importante além de Knight, é o ex escravo Moses (Mahershala Ali de “O Curioso Caso de Benjamin Button”). Ele é um dos escravos fugidos que acolhe Newton Knight no pântano. Eles se tornam grandes amigos e juntos lutam até o fim pelas causas um do outro.

 

Não deixe de ir aos cinemas conferir “Um Estado de Liberdade”!

 

Por Luciana Costa

 

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