TENET
“Tenet” era para ter sido lançado em junho nos cinemas, mas devido a pandemia de COVID-19 sofreu diversos adiamentos. Uma briga envolvendo o diretor Christopher Nolan, a Warner e os cinemas sobre lançar ou não demorou um pouco até que em setembro o filme estreou. No Brasil, a estreia ocorreu no finalzinho de outubro. O resultado nas bilheterias não foi alto, mas o diretor preferiu assim pois ele criou esse longa para ser visto na telona. Esse “fracasso” de público fez com que a Warner marcasse todos os seus próximos filmes com lançamento simultâneo no cinema e na HBO Max, serviço de streaming que ainda não chegou no Brasil. Essa treta fica para outra ocasião, pois muito tem a ser dito. Vamos ao filme.
Dessa vez optei por não colocar a sinopse. Pensei que ela seria muito vaga ou que seria explicativa demais. Preferi deixar quem for ler essa resenha sem saber o que vai ver. Essa é a melhor forma de assisti-lo. Certamente ao vê-lo se sentirá confuso, burro e com a cabeça doendo para tentar entender. Em certos momentos, o nosso cérebro para de funcionar e resolve apenas aceitar o que está vendo. Essa é minha maior dica, aceite o que está vendo. Só dessa forma você poderá vir a curtir. A única coisa que vou falar um pouco mais é para pensar sobre a própria palavra TENET, que de trás pra frente é igual.
Considero Christopher Nolan um dos melhores diretores da atualidade. Responsável por filmes como Interestellar, a última trilogia do Batman, O Grande Truque, Dunkirk, A Origem, e Amnésia. Em Tenet, senti muito a inspiração dos dois últimos que citei: A Origem por causa de seu mundo tecnológico e surreal e Amnésia por terem 2 linhas do tempo que fazem sentido em um determinado momento (ou não). Embora ache o Nolan muito inventivo e um defensor dos efeitos práticos, acabei o achando muito arrogante aqui. Muitos discordarão, mas acho que a história que ele criou aqui foi além do normal. Mesmo tendo os seus momentos explicativos, ainda assim você se sente perdido. A edição também é muito confusa e em certos momentos me peguei pensando se era parte do roteiro, mas ao passar o tempo percebi que foi apenas uma montagem mal feita.
Os atores não decepcionam e conseguem entregar o trabalho bem-feito. John David Washington (Infiltrado na Klan) como nosso protagonista manda muito bem, assim como seu braço direito feito por Robert Pattinson (O Farol), personagem que cresce no decorrer do longa. O vilão vivido por Kenneth Branagh (Assassinato no Expresso Oriente) é daquele tipo caricato e digno de um filme de James Bond, mas que consegue entregar um ser odioso capaz de nos incomodar. Fechando o elenco principal também temos Elizabeth Debicki (O Grande Gastby) que aqui faz o papel da maior mãe do mundo.
Isso tudo pode parecer algo genial e até poderia ter sido se não tivesse esses problemas que citei. No geral, acabou sendo um bom filme mas que não chega aos pés do que o Nolan gostaria que fosse. Eu como fã do diretor, me senti um pouco decepcionado, pois ele realmente poderia ter sido muito melhor. Ele dá margens para continuações, pois algumas pontas soltas foram deixadas. Só não sei se foram deixadas propositalmente ou se foi mais uma falha de montagem e roteiro. Pensei que poderia ter uma continuação porque temos atores de porte grande que fazem uma ponta e somem. Eles têm que ter um propósito maior e não podem estar ali por ser um rosto conhecido.