Sangue do Meu Sangue
Este filme, do diretor italiano Marco Bellocchio (de “De Punhos Cerrados”, “Em nome do Pai” e “A Condenação”), pode ser chamado de várias formas diferentes, porém nada o caracteriza mais do que a palavra “inusitado”. Somos apresentados a três histórias diferentes, uma inicial, uma no meio e uma final que da desfecho à trama. O que esses três enredos quase que totalmente separados, mas que por fim acabam se conectando, tem em comum, é com certeza a locação em que se passam. Uma pequena cidade misteriosa perdida no coração da Itália (Val Trebbia), com ênfase em um convento. No mínimo curioso, não é? Em sua sinopse, esta obra é classificada como drama, mas ninguém irá dizer que você está errado se ao fim dos créditos quiser dar outra classificação de gênero a ele.
Na trama inicial, o ator Pier Giorgio Bellocchio interpreta um homem gêmeo de um padre que cometeu suicídio e está prestes a ser enterrado em um lugar de indigentes. Para que o irmão possa ser enterrado em solo sagrado é preciso provar que a freira Benedetta (com quem seu irmão teve relações sexuais) fez algum tipo de pacto satânico para corromper o padre. Mesmo a base de verdadeiras torturas e inquisições como se pode provar isso? Seria esta acusação real ou absurda, já que se passa no século XVII?
Já na segunda parte da trama (que acontece de forma bem mais arrastada do que a primeira), somos apresentados a um detetive (também interpretado pelo ator Pier Giorgio Bellocchio, não se sabe ao certo o porquê), que é contratado por uma senhora para descobrir o que aconteceu com seu marido (apelidado de “Conde”), que desapareceu há 11 anos, mas há histórias rondando o povoado de que ele aparece para algumas pessoas à noite. Não só na base da investigação se passa o enredo, o detetive chega à cidade com um forasteiro que quer comprar o antigo Convento/Prisão.
A terceira parte da trama, que é apenas o desfecho e não demora muito, te dá à conclusão das duas histórias anteriores e explica todos os fatos, porém não de forma mastigada, este filme com certeza não é para todos os gostos, mas é bem curioso e vale a pena ser visto por quem gosta de grandes surpresas.
Como disse no início, esta produção caracteriza-se por ser inusitada. No meio da película, são jogadas várias cenas fora de contexto que se fossem retiradas não fariam a menor diferença para o entendimento do telespectador, porém, se você é familiarizado com o trabalho de Belocchio vai entender o porquê destes rompantes desconexos. Quer mais um fato inusitado e curioso? Te dou, a música “Nothing Else Matters” da banda de metal melódico “Metalica” compõe muitas vezes a trilha sonora do filme, porém em uma versão mais “coral de Petrópolis”.
Por Luciana Costa