Rebecca – A Mulher Inesquecível, Versão de 1940 e 2020

Quando soube que tinha esse remake de Rebecca: A Mulher Inesquecível (2020), a primeira coisa que pensei em fazer foi ver o original que data de 1940. Pensei até mesmo em fazer resenhas separadas falando sobre cada um deles, mas preferi concentrar as duas unicamente aqui. Decidi isso pelo simples fato da construção da história ser basicamente a mesma e vou deixar para comentar a diferença apenas nas nuances de cada um.

Sinopse: “Uma jovem recém-casada se muda para a imponente mansão de seu marido, onde vive assombrada pela memória de sua falecida esposa. Mesmo após a morte, o legado de Rebecca permanece. Esta adaptação contemporânea do romance gótico de Daphne du Maurier é estrelada por Armie Hammer, Lily James e Kristin Scott Thomas.”

Primeiramente vou falar sobre o original. A direção desse filme é de Alfred Hitchcock e estrelado por Laurence Olivier (Maratona da Morte) e Joan Fontaine (Suspeita). Só por ter Hitchcock eu diria que já vale a pena. Sei que os mais jovens não tem o costume de ver filmes antigos e muito menos preto e branco e até entendo, já fui assim. O ritmo da época é muito diferente do dinamismo que vemos hoje nas telas. Se souber se situar e abrir a mente, conseguirá curti-lo como devido.

O início de uma história de amor bonita e inesperada nos faz pensar que será um filme de romance e só isso. Passada essa impressão inicial, ao chegar em seu segundo ato, acabamos por penetrar em uma história de mistério e suspense. Afinal, como era essa Rebecca? A impressão é que ela era uma deusa incomparável. Todo esse mito contado sobre ela aumenta o grau de pressão em nossa protagonista. O mistério final revelado com direito a mais um plot twist em seu final, eleva a obra a algo sensacional e inesperado o transformando em um grande clássico.

O remake é dirigido por Ben Wheatley (No Topo do Poder) e estrelado por Armie Hammer (Me Chame Pelo Seu Nome) e Lily James (Em Ritmo de Fuga). O primeiro erro na minha opinião sobre ele é querer gravar repetindo praticamente todas as cenas do original. Isso o torna só uma cópia atual do que vimos anteriormente. As mudanças criadas pelo roteiro só enrolam e não trazem nada de realmente novo. Criativamente falando ele não serve para nada.

Mesmo que coloquem a desculpa de que é preciso fazer algo novo para os jovens verem, é indiscutivelmente preferível que veja o original. O novo não tem a metade do charme de sua versão anterior. Digamos que só vejam o atual, ele ainda sim soa como uma obra sem alma. Até pode surpreender o mais desavisado, mas não terá o mesmo impacto. Uma mudança sutil que fizeram e que eu não gostei foi o fato de tentarem deixá-lo com um ar sobrenatural. Como se a Rebecca fosse um fantasma real e posso dizer que essa ideia é meramente metafórica.

O longa de 1940 se encontra completo no Youtube legendado e deixarei o link aqui para quem tiver uma curiosidade cinéfila.

Rebecca: A Mulher Inesquecível de 2020 se encontra no catálogo da Netflix.

Vou deixar um fato curioso que descobri ao procurar informações sobre o filme. Rebecca é baseado em um livro de 1938 escrito pela inglesa Daphne Du Marier. Em 1934 a escritora brasileira Carolina Nabuco escreveu A Sucessora que traz uma história muito similar. Tal semelhança foi destaque no The New York Book Review e, no Brasil, pelo crítico literário do Correio da Manhã, Álvaro Lins. Esse livro deu origem a novela de mesmo nome produzida pela Rede Globo em 1978. Se você ler a sinopse das duas histórias a semelhança fica clara como a luz.