Quo Vadis, Aida?

‘Quo Vadis, Aida?’ é um filme de origem bósnia que pode ser traduzido livremente como “Aonde Você Está Indo, Aida?’. Concorreu esse ano ao Oscar na categoria de Melhor Filme Internacional, perdendo para o dinamarquês ‘Druk: Mais Uma Rodada’. Com direção de Jasmila Zbanic (Em Segredo) e estrelado pela magnífica Jasna Djuricic (Grupa) ficamos diante de um terrível e real momento entre a guerra da Bósnia contra a Sérvia. É um filme baseado em fatos que nos mostra toda a crueldade que uma guerra tem a nos mostrar.

Sinopse: “Uma professora trabalha como tradutora para a ONU na Guerra da Bósnia. Quando o exército inimigo invade a cidade, ela faz de tudo para ajudar a comunidade enquanto tenta desesperadamente salvar a própria família.”

Imagina que você vive bem em sua casa, com sua família, tem seu emprego e que tem ótimas relações com os vizinhos. Agora imagine que de um dia para o outro o seu vizinho que te chamava de amigo agora quer te matar somente pelo fato de você ter uma religião ou uma etnia diferente. Sem entrar nos detalhes políticos que são mais complexos, foi isso que aconteceu basicamente na Guerra da Bósnia que durou de 1992 até 1995.

O filme mostra o finalzinho da guerra, quando o povo bósnio resolve fugir para a ONU com os sérvios em seu encalço. Não demora muito para vermos as crueldades perpetuadas pela guerra. Morte de civis rendidos e o flagelo que esses cidadãos comuns começam a ter por abandonar suas casas. Importante comentar sobre o papel da ONU aqui. A intenção deles era boa, mas o descaso do mundo e de pessoas nos cargos mais altos também se tornam culpados pelo massacre. A dureza em que o povo bósnio é tratado é de partir o coração de qualquer um.

Esse é todo o pano de fundo para conhecermos a personagem de Aida que trabalha na própria ONU como tradutora. Quando ela percebe que todos estão ainda correndo perigo, é quando a trama realmente começa. Ver ela fazer de tudo para conseguir salvar sua família é comovente e certamente acredito que todos nós faríamos o mesmo que ela pelas pessoas que nós amamos. Ela nos dá momentos perfeitos de interpretação e drama e é impossível não empatizarmos com ela e ficar com raiva dos desdobramentos tomados que a impede de fazer o que precisa ser feito. Ver uma mãe desesperada é algo muito doloroso.

Nos momentos finais do longa, perguntam para ela (e nos perguntamos também) o porque dela tomar a decisão que tomou, pois parece masoquismo e até mesmo muito perigoso. Ela responde com ódio e firmeza que ela não tem nada a perder. Seus momentos finais conseguem misturar a tristeza com a esperança de um novo futuro com as mesmas pessoas que massacraram milhares de pessoas. Isso é cruel e só de pensarmos que deve ter acontecido muito disso me entristece e acaba nos deixando com um gosto amargo na boca.

Um filmaço que recomendo para todo mundo, mas que pode ser forte e pesado para muitas pessoas. Veja naquele dia que estiver bem, sem nada de ruim na cabeça. O cinema tem essa capacidade de mexer com nossas emoções e é uma das coisas que amo na 7º Arte. Lembrar da história através de filmes é primordial para moldar nosso caráter e para aprender com o nosso passado. Ver tamanha crueldade pode ser ruim, mas é preciso para sermos pessoas melhores.

‘Quo Vadis, Aida?’ se encontra para alugar na Apple TV por 14,90.