O Nome da Morte

Eu não sei o porquê, mas, pelo trailer, achava que iria assistir o novo “Tropa de Elite”, o que não aconteceu. Este filme, dirigido por Henrique Goldman, é muito mais um drama do que uma ação. Conta com personagens extremamente complexos, bem construídos, cativantes e interpretados de forma magistral, porém, temos aqui algumas falhas de roteiro.

Até assistir ao longa, não conhecia a história verídica por trás dele e alguns pontos ficaram confusos para mim. Não consegui entender como se deram algumas coisas. O filme é muito bom, eu me diverti e roí as unhas assistindo. Além disto, passou rápido – o que, para mim, é sinônimo de obra bem-feita -, porém, tive dificuldade de entender em vários momentos, pois ele vai mudando de “época” muitas vezes e aí é difícil se situar, entender onde estamos ou se aquilo aconteceu antes ou depois. Acredito que o público terá a mesma dificuldade.

Um ponto muito válido a ser engrandecido é a construção dos personagens. O principal, Júlio Santana, muito bem interpretado por Marco Pigossi, vai crescendo e se modificando ao longo da história. Temos aqui um menino do interior, cheio de espinhas, inocente e com boas intenções, com um enorme talento para atirar e lutar. Talento este que ele pretende usar para ser policial, mas que é logo corrompido por seu tio e padrinho, Cícero (André Mattos), que, aliás, é aquele vilão que odiamos amar.

Acredito que a grande questão que o filme tenta levantar é: “O quanto vale a sua consciência?” Aquela velha história de que todo mundo tem um preço e que muitas coisas que nós consideramos execráveis poderão ser praticadas por nós se as vantagens a serem ganhas forem muito altas. Será? Vale sempre lembrar que tudo tem um preço, talvez você possa pagar e dormir em paz. E talvez ele seja alto demais.

A mudança dos personagens e o preço que cada um decide pagar não é mostrado apenas através do protagonista, mas, também, por meio de Maria, esposa de Júlio, em ótimo desempenho da veterana Fabíula Nascimento.

Muitos cenários do filme são lindíssimos, já que a história muda de cidade o tempo todo. Pena que ficamos sem saber que lugares são aqueles, muitas vezes, simplesmente não nos é informado. Meu conselho é: Aproveite o longa-metragem e as atuações, mas preste muita atenção, pois temos diversos pontos confusos. No fim, mesmo com uma trama redondinha e bem amarrada, uma questão (que não posso dizer qual é, sob o risco de dar um spoiler) não saia da minha cabeça. Talvez esta em si não tenha sido bem explicada. Veja e me diga se não tenho razão.