O Festival do Amor

O Festival do Amor é o novo filme do controverso Woody Allen. Sou fã de muito de seus filmes, mas tenho problemas com a pessoa em si. Essa resenha não é para falar de polêmicas particulares do diretor, mas sim do próprio filme. Já adiantando os rumos da conversa, posso dizer que esse está muito abaixo do que o diretor pode produzir. Acho que nem o carisma dos atores é capaz de elevá-lo. Em busca de um cinema purista, acaba sendo um pouco pedante para com o novo.

Sinopse: “Mort Rifkin e sua esposa Sue viajam para a Espanha para acompanhar o Festival Internacional de Cinema de San Sebastián. Na cidade, Mort passa a desconfiar que Sue pode estar tendo um caso com um atraente cineasta francês.”

Ele se passa inteiramente durante os 10 dias do Festival de San Sebastian, na Espanha. Nele vemos um casal que não anda bem e que usufrui da cidade e do festival para entenderem suas vidas melhor. A partir disso, nós temos o que o diretor (e também escritor) Woody Allen sabe fazer de melhor. Uma ótima direção de atores e um texto sempre muito afinado com sacadas rápidas e com tiradas muito inteligentes com uma leve pitada de comédia e bom humor.

O meu problema com ele foi o fato do personagem principal Mort Rifkin, vivido por Wallace Shawn (Meu Jantar com o André) ser um purista do cinema. Ele defende o cinema clássico com unhas e dentes e simplesmente esnoba o novo, seja por ciúme, seja por desprezo mesmo. O próprio personagem se indaga sobre isso e nessa busca de entender o que fez de errado com sua vida, acaba sendo um ponto fundamental da história.

O cinema novo é tratado com muito desdém e futilidade como se tudo fosse feito apenas para colher os louros e não somente pela arte. Essa personificação cabe ao personagem de Philippe, vivido por Louis Garrel (Adoráveis Mulheres). Ele vive um grande diretor em ascensão que causa ciúmes enormes no nosso protagonista. Não só por seus filmes, mas também por estar deixando sua mulher atraída por ele. Por isso a minha dúvida sobre o seu real desdém de Rifkin.

O longa em inglês se chama Rifkin’s Festival (em português livre O Festival do Rifkin). Ele se dá porque toda a noite ele tem um sonho estranho ligado a sua vida, mas seus sonhos são transportados para filmes clássicos. Com isso temos grandes homenagens a filmes e diretores como “Acossado” (1960) de Jean-Luc Godard, “O Último Selo” (1957) de Ingmar Bergman, “Jules & Jim” (1962) de François Truffaut entre outros. Para os grandesentusiastas desses cineastas e a esses filmes, a diversão e as referências farão todos os amantes desse cinema muito felizes.

O desenrolar da história para mim acabou sendo lento e nem um pouco instigante para com o que estivesse por vir. A crise existencial do personagem acontece e eu mesmo não senti que estava me importando o suficiente para continuar acompanhando a história. Embora eu não tenha gostado tanto, tenho certeza que os fãs do diretor e do cinema clássico irão amar bastante. Tirando esses detalhes de cinema em si, ele acaba sendo um filme cotidiano sobre uma crise existencial que abala um casamento que já não andava bem das pernas.