O Farol

Fazer resenhas nem sempre é fácil como pode parecer. Alguns filmes que são mais fáceis que me fazendo escrever sem ter noção do quão grande está o texto e tem os difíceis, que não sei exatamente por onde começar, e adivinha? “O Farol” entra na segunda categoria. Produzido pela A24, responsável por outras obras como Hereditário, Midsommar, Joias Brutas e Moonlight como alguns exemplos, e dirigido por Robert Eggs (A Bruxa). Dessa junção, temos uma obra que transcende a mente humana em uma viagem perturbadora que teve o seu lançamento no Brasil em janeiro desse ano.

 

Sinopse: “O Farol se passa no início do século XX. Thomas Wake (Willem Dafoe), responsável pelo farol de uma ilha isolada, contrata o jovem Ephraim Winslow (Robert Pattinson) para substituir o ajudante anterior e colaborar nas tarefas diárias. No entanto, o acesso ao farol é mantido fechado ao novato, que se torna cada vez mais curioso com este espaço privado. Enquanto os dois homens se conhecem e se provocam, Ephraim fica obcecado em descobrir o que acontece naquele espaço fechado, ao mesmo tempo em que fenômenos estranhos começam a acontecer ao seu redor.”

 

Começarei a falar de coisas mais fáceis como as partes técnicas apresentadas nele. A escolha de fotografia e tamanho da tela são perfeitas para se apresentar algo antigo e claustrofóbico. Isso ajuda a contar a história de uma forma que não percebemos. Não teríamos o mesmo efeito se tivesse sido feito do jeito que conhecemos. O uso de apenas 2 cores em um ambiente único de uma ilha com um farol nos dá todo esse sentimento de enclausuramento e que faz com que queiramos sair urgentemente desse lugar. Essa angústia é amplificada com uma tempestade que os faz ficar presos na ilha por mais tempo do que gostariam. É nesse momento que as coisas começam a ficar estranhas.

 

A quarentena forçada que eles precisam passar é onde a nossa mente começa a ser desafiada. Assim como os personagens, ficamos sem entender o que é realidade e ficção, ou se elas simplesmente estão juntas nos confundindo mais ainda. Essa imersão na loucura nos faz ter um sentimento de desconforto e confusão que só aumenta no clímax do longa. Sem maiores spoilers, é no desfecho que nossa cabeça ferve e ficamos pensando em que horror é esse que o cérebro humano não consegue processar a ponto de ficarmos igual ao protagonista.

 

Protagonismo esse, que é vivido por Robert Pattinson (Crepúsculo). Ele é nosso guia nessa jornada a loucura e conseguimos pirar tanto quanto ele. Seu parceiro de cena é nada mais nada menos que William Dafoe (Homem Aranha); que com suas histórias de pescador junto com seus poemas e versos voltados a seres mitológicos aquáticos nos fazem ficar pensando o que está acontecendo. Os dois estão maravilhosos, e não se pode negar que eles estão possuídos no papel. Para eles, bato palmas de pé.

 

Esse filme faz parte do gênero chamado pós terror, que consiste basicamente em não seguir os clichés de filmes de terror. Nada de sustos e maníacos armados, mas em compensação temos aquele aumento na atmosfera que nos faz sentir mal e incomodado. Definitivamente, esse não é um filme para qualquer um. Não é daqueles que passa na Tela Quente, mas que vale muito por seu valor artístico e imersão na loucura e no incompreensível. Se leu isso tudo e ainda se sentiu interessado, certamente ele foi feito para você.