O Beco do Pesadelo

Uma das marcas registradas de Guillermo del Toro (A Forma da Água) é utilizar dois tipos de monstros em seus filmes. Enquanto temos a aparição de criaturas sobrenaturais que seriam facilmente chamadas de monstros por suas aparências, o diretor faz um paralelo dessas criaturas com os verdadeiros monstros, seres humanos cruéis. Em “O Beco do Pesadelo”, del Toro foge um pouco de sua marca ao não inserir a criatura mas deixando sim a existência do monstro humano.

Sinopse: Stanton Carlisle (Bradley Cooper) chega ao circo a procura de trabalho, lá ele observa a todos tentando aprender o que pode para usar em sua vida. Quando acaba sendo envolvido em uma morte ele usa seu conhecimento para criar shows de classe ludibriando milionários com shows de clarividência, junto com a jovem e inocente Molly (Rooney Mara).

 

Toda o enredo do longa acompanha a trajetória de Stanton. O filem é baseado no romance escrito em 1946 por William Lindsay Gresham , que foi filmado pela primeira vez em 1947 em formato Noir. O novo longa conta com toda a estética e forma noir em planos escuros, indumentária da época e a dama fatal como elemento catalizador da ruína de nosso protagonista.

O grande trunfo do filme é a atmosfera de suspense que paira no ar o tempo todo. Desde a primeira cena sentimos um clima de estranheza, a todo momento parece que algo está errado mas não sabemos exatamente o que até que acontece.  Del Toro utiliza sempre o contraste de cores alegres nos momentos em que está tudo bem e cores escuras nos momentos mais tensos. Sempre filmando objetos que terão importância na trama, nada está em cena por acaso, cada objeto faz parte do enredo. O elenco conta ainda com os atores de peso Cate Blanchett, Willem Dafoe, Toni Collete e Ron Perlman

O filme começa e termina da mesma forma, bem redondo. É preciso prestar extrema atenção aos detalhes e principalmente aos diálogos, eles retornam sempre a frente em outro momento.  “O Beco do Pesadelo” recebeu poucas indicações ao Oscar 2022, faltou a de diretor para o gênio que não perdeu a mão, del Toro.