Medida Provisória

“Medida Provisória” é o mais novo filme nacional dirigido por Lázaro Ramos que exagera, mas que não mente. Ele é uma adaptação da peça “Namíba, Não!” de Aldri Anunciação que o próprio Lázaro Ramos dirigiu no teatro. Ele conta com a atuação de Taís Araujo (Cobras & Lagartos), Alfred Enoch (da franquia Harry Potter) e Seu Jorge (Marighella) como os protagonistas da trama e que sofrem na pele a decisão de um governo que se diz bondoso, mas que está sendo completamente racista.

Sinopse: “Em uma iniciativa de reparação pelo passado escravocrata, o governo brasileiro decreta uma medida provisória e provoca uma reação imediata no Congresso Nacional. Os parlamentares aprovam uma medida que obriga os cidadãos negros a se mudar para a África na intenção de retomar as suas origens. A aprovação afeta diretamente a vida do casal formado pela médica Capitú e pelo advogado Antonio, além de seu primo, o jornalista André, que mora com eles no mesmo apartamento.”

 

Ele se passa em um futuro distópico do Brasil. Muitos dirão que essa é uma ficção científica exagerada e muito fora da realidade, o qu se fosse há 15 anos atrás até poderia concordar. Mas temos acompanhado tantas bizarrices, que acaba que essa história pode acabar sendo crível em certos aspectos. Lógico que o exagero está presente, mas ele é exacerbado justamente para escancarar a hipocrisia de algumas pessoas.

No início do longa, as pessoas simplesmente não acreditam no que é oferecido. A princípio, era só para mandar quem optasse por voltar a África, mas depois da bendita medida provisória, que dá título a película, passa a ser obrigatório que todos as pessoas de melanina acentuada (sim, é o nome usado no filme) sejam enviadas imediatamente para a África. A partir daí o país vira um pandemônio. Um ponto negativo dele, é que não mostra um pouco mais das implicações reais disso. Senti falta, mas tudo bem, entendo que esse pudesse não ser o ponto.

O grande ponto forte do filme são os diálogos, tem muita mensagem a ser passada com eles. Um simples diálogo, nos mostra que os problemas estão aí e só não vê quem não quer ou quem não se importa. Um detalhe que me fez pensar muito foi uma frase dita pelo personagem do Seu Jorge que parafraseando fica mais ou menos assim: “como não vimos isso acontecer? Como deixamos a chegar nesse ponto? Como pudemos rir disso?”

Não achei ele perfeito, mas acho que deve ser visto obrigatoriamente por todos. Ele tem muito o que dizer, é só prestar atenção. Uma ótima obra que taca a hipocrisia na cara da população brasileira e que não tem medo de apontar o dedo. As pessoas concordam com certas ideias atrozes, só não concordam com a palavra “racista”.