Mães Paralelas

Pedro Almodóvar é um desses diretores com marcas registradas. Além das famosas cores que usa em seus filmes, ele normalmente aborda temas complexos sobre as relações entre mães e seus filhos, e também, a sexualidade humana. “Mães Paralelas” contém ambos os temas, mas que são usados como tema de fundo para falas sobre as vítimas de guerras e as necessidades de resgate cultural e da ancestralidade. Um ótimo filme, mas que passa longe de ser o melhor do diretor por inserir elementos pouco criveis na trama, é preciso ignorá-los para aproveitar a obra em sua integra.

Na trama, Jana (Penelope Cruz) é uma fotografa de 40 anos, super independente que engravida do amante. No dia que vai parir conhece a jovem Ana (Milena Smit) de 17 anos que também está grávida e sem o pai do bebê. As duas criam uma amizade por estarem mais ou menos na mesma situação, porém suas histórias irão se entrelaçar para além da maternidade.

O longa aborda encruzilhadas morais, fazer o que é certo versus seguir seu coração, sexualidade fluida e maturidade, mostrando que as pessoas podem trocar de papel o tempo todo. Além disso, mostra diferentes tipos de mãe, enquanto mostra as mais dedicadas que sacrificariam tudo por seus bebês, outras abrem mão dos filhos em prol de carreira e dinheiro.

Por fim, fica claro que a intenção de Almodóvar (que assina direção e roteiro) não é seguir a narrativa linear das duas mulheres protagonistas e sim falar sobre a guerra. Janis é obcecada em resgatar os corpos de pessoas que foram massacradas e enterradas longe de suas famílias durante a guerra civil espanhola de 1930, incluindo o bisavô. O filme é dividido em 3 partes, as duas primeiras são grandes dramas permeados por um clima de suspense muito bem ilustrado pelos planos em foco, cores e música. Já a última parte, traz um desfecho meio jogado que foca apenas no resgate histórico não mostrando detalhadamente o desfecho dos protagonistas que acompanhamos desde o início.