Um medo que me aflige bastante é o de ficar velho. Já me sinto mal quando alguém brincando me chama assim. Sempre fico pensando em quem vai cuidar de mim se tiver problemas sérios de saúde, como vou me virar sozinho, essas coisas. E este filme me mostrou que apesar de ter certas complicações, a vida pode ser sim muito mais simples e aproveitada do que imaginamos. Lucky é um filme simples, mas com uma temática bem interessante para pessoas que tem medo da terceira idade assim como eu.

Sinopse: “LUCKY ilustra a jornada espiritual de um ateu com 90 anos e as personagens peculiares que habitam na sua cidade desértica, no meio de lugar nenhum. Tendo sobrevivido aos seus contemporâneos, o tempestuoso e independente Lucky encontra-se no precipício da vida, enveredando numa jornada de auto-exploração, em direção ao que costuma ser inatingível: a iluminação.”

Esse é daqueles filmes que a escolha do papel principal tem que ser totalmente acertada, pois o roteiro é todo centrado nele e todas as cenas incluem tal ator. Na minha opinião, a escalação de Harry Dean Stanton (um dos tripulantes de Alien: O Oitavo Passageiro) foi a escolha mais acertada de todas. Ele simplesmente leva o filme sozinho nas costas sem nenhum esforço, somente com seu jeito meio mal humorado e ao mesmo tempo com o seu jeito inocente e simples consegue cativar a todos.

Com a estreia na direção do ator John Carroll Lynch (Fome de Poder) vemos aqui um filme para se pensar na nossa existência e o que fazemos para viver de um forma que vá nos trazer paz de espírito. Essa eterna busca que para muita gente nunca foi respondida, aqui ela é respondida de uma forma bem simples, que nos faz sair com um pequeno sorriso no rosto após a projeção. Nem tudo o que não sabemos e não entendemos pode ser mais simples do que imaginamos.

Sendo um filme intimista e contido não acho que seja um filme fácil de ser ver. Há muita introspecção e alguns devaneios, mas ainda assim há muito pé no chão. Veja e se sinta um pouco melhor após o filme, pois a vida é para ser vivida até mesmo nos momentos mais tediosos.