Hereditário

Eu sou absurdamente fã de filmes de terror, é o meu gênero favorito. Para vocês terem uma ideia, quando estou estressada, vejo um para relaxar e, muitas vezes, quando perco o sono, assisto à um antes de dormir. Tendo dito isto, você já sabe que me impressionar ou me traumatizar é difícil. Alguns longas (muito poucos mesmo) conseguiram me deixar levemente assustada, esse foi o caso do espanhol “O Orfanato“, do cineasta J.A. Bayona (Jurassic Park: O Reino Ameçado). Porém, nem um pouco o de “Hereditário“.

Gostei muito, ele é, sim, muito bom, bem construído, as atuações realmente estão sensacionais, a trilha sonora é pontual, pertinente e tenho certeza que se você é fã do gênero, vale a pena ver, acho quase impossível alguém sair do cinema decepcionado. No entanto, para mim, não há ali “O Novo Exorcista”, como tenho lido em muitos lugares. Meu maior conselho é que você vá ver o filme sem grandes expectativas. Eu fui achando que veria a obra mais perturbadora e assustadora dos últimos anos, já estava com medo antecipado, quase deixei de ver por receio de ficar traumatizada, mas, na mesma noite, dormi perfeitamente bem. E nas seguintes também.

As duas horas e sete minutos do longa passam muito bem, não ficamos, em nenhum momento, com aquela sensação de ter “muita barriga”. O início demora para engatilhar, mas esta demora, com certeza, é proposital. Estão nos apresentando os personagens, criando o clima mórbido e doentio de tensão que existe naquela família. O pensamento inicial é uma dúvida pura e simples: Seria tal família vítima de uma doença mental genética gravíssima ou de algo sobrenatural?

A atuação da veterana Toni Collette (O Sexto Sentido) é realmente espetacular, principalmente nas partes não faladas. As caras dela já dão um toque especial ao filme, como as de Sissy Space, em “Carrie, a Estranha” (1976). Outro ator que nos surpreende positivamente é Alex Wolf (Jumanji: Bem-vindo à Selva). Algumas cenas poderiam ter ficado caricatas, caso ele não fosse bem sucedido, felizmente, isso não aconteceu.

Apesar de não ser um terror pautado em sustos fáceis, mas, sim, na atmosfera tensa, ele dá alguns bons sustos ao espectador. Por fim, quero declarar que, no geral, o filme é ótimo. Como muitos disseram, tem um tom de “A Bruxa” (2015), mais pelo rítimo do que por qualquer outra coisa. Já outros filmes aos quais foi comparado não estão nem de longe ali. Apesar disso, ele não é inovador (o que, sinceramente, não é um problema). Existem histórias parecidas, só que esta ganha nossa admiração por ser muito bem executada. Temos aqui um pouco de “O Bebê de Rosemary” (1968), embora não seja a mesma história. Contudo, se querem eleger um filme do gênero como um dos melhores do ano, sugiro “Um Lugar Silencioso“.