Free Guy: Assumindo o Controle

Um dos gêneros mais complicados de se transpôr para o cinema são os filmes baseados em jogos de videogame. Ainda não há um que podemos chamar de perfeito e que tenha agradado a grande maioria. No máximo, eles são medianos e que dão para o gasto. Free Guy: Assumindo o Controle não é baseado em nenhum jogo específico, mas consegue nos divertir passando vários clichês conhecidos pelos jogadores, a ponto de nos identificarmos com algumas situações. Não chega a ser um primor, mas diverte.

Sinopse: “Um caixa de banco preso a uma entediante rotina tem sua vida virada de cabeça para baixo quando descobre que é um personagem em um jogo interativo. Agora ele precisa aceitar sua realidade e lidar com o fato de que é o único que pode salvar o mundo.”

Tenho certeza que os jogadores de GTA se identificarão muito mais com esse filme. O mundo em que ele se passa é bem parecido. Eu já joguei ele e já fiz barbaridades com os NPC’s do jogo. Para quem não sabe, NPC quer dizer em inglês “Non Playable Character” ou no belo português algo como “Personagem Não Jogável”. Posso resumi-lo melhor como um figurante. É justamente um desses personagens que é o protagonista de nossa história.

O que aconteceria se um desses figurantes ganhasse vida? Esse é o mote principal e a partir daí temos ótimas cenas que brincam com esse conceito. O problema é que não dá pra ficar metendo somente esse tipo de piadas em 2 horas de projeção. A história se aprofunda mais sobre como ele ganhou “vida” em paralelo com os acontecimentos do mundo real, onde dois jovens programadores vividos por Jodie Comer (Killing Eve: Dupla Obsessão) e Joe Keery (Stranger Things) querem provar que o bilionário vivido por Taika Waititi (Jojo Rabbit) roubou o código de programação deles.

Isso daria até espaço para uma discussão muito mais filosófica e bem interessante, mas não é sobre isso que Free Guy se trata. Ele apenas se propõe a ser um longa de comédia e nada mais. Tudo bem também, ninguém é obrigado a fazer o filme que eu quero, mas fico pensando que foi uma grande oportunidade desperdiçada para algo maior.

O grande nome do longa sem dúvidas é o Ryan Reynolds (Deadpool). Eu gosto muito dele, me divirto com suas atuações e fico animado quando vou ver algo dele. O problema é que comecei a achar ele repetitivo. Sinto que já vi essa atuação dele em algum lugar. Alguns dirão que ele sempre foi assim e talvez até tenham a razão. Apesar disso, não posso tirar todo o carisma dele. Ele consegue fazer a gente rir só por estar em cena e pra mim isso já bastaria. Em certos momentos dá até para sentir uma atuação meio canastrona e cínica, mas no geral é só diversão mesmo.

Acredito que o grande público desse longa seja o dos jogadores de videogame. Alguém fora desse nicho só conseguiria se divertir por causa do Ryan Reynolds mesmo. No geral, é um filme divertido que te dará bons momentos mas que no final acaba sendo apenas isso. Uma comédia agradável e sem nenhuma pretensão de ser algo memorável. Pelo menos esse foi o impacto que surtiu em mim. Se quiserem, dá até para fazer mais continuações usando o personagem do Guy, mas tudo bem se acabar mesmo por aí.