Exorcismo Sagrado

O gênero de terror tem várias vertentes. Entre eles temos os filmes slasher, temos os filmes de zumbis, também temos o sobrenatural, e também temos o que tenho mais medo: exorcismo. O Exorcista (1973) me dá calafrios até hoje. É uma obra que continua excelente como se fosse um produto atual. Outro ótimo exemplo do estilo é O Exorcismo de Emily Rose (2005) que também me deu medo. Citei esses exemplos porque quando o assunto é esse, ele tem que dar medo e ao mesmo tempo ser preciso para não cair nos clichés. ‘Exorcismo Sagrado’ fica muito no meio termo. Nos apresenta uma excelente ideia, mas com uma execução não tão boa assim.

Sinopse: “Peter Williams, um padre americano que trabalha no México, está possuído por um demônio que estava tentando expulsar e acaba cometendo o mais terrível dos sacrilégios. Dezoito anos depois, as consequências de seu pecado voltam.”

Esse filme me dividiu bastante. Por um lado eu gostei da história e para onde ela foi e por outro lado eu detestei as atuações e algumas partes técnicas que chegaram a ser risíveis para mim. Primeiro comentarei sobre as partes boas.

Dessa vez o demônio não chega simplesmente a esmo por aqui. Ele tem um plano e consegue fazer algo bem herético no seu início a ponto de eu achar que pegaram pesado. A princípio esse plot é esquecido, mas que ganha uma relevância grande já para o seu final. Toda essa arquitetura foi muito interessante culminando em um final do qual gostei bastante. Me instigou tanto que já toparia de primeira ver uma continuação só para saber até onde essa história vai. Não sei se terá um segundo longa, mas as portas ficam abertas.

O seu título original nesse caso faz mais sentido aqui. Ele se chama ‘The Exorcism Of God’ que em uma tradução livre seria algo como “O Exorcismo de Deus”. Não queria estragar, mas vou comentar algo que acontece, só não contarei o seu resultado final. Mas, temos um exorcismo reverso aqui. O demônio tenta exorcizar Deus do padre. Por mais estranho que isso seja, esse é um grande momento do filme do qual fez valer a jornada até esse ponto.

Findado os pontos dos quais gostei, preciso dizer do que detestei. Primeiro, as maquiagens das pessoas possuídas é terrível. Juro que em diversos momentos me lembrou muito algo como Todo Mundo em Pânico (2000); segundo, as atuações são bastante canastronas. O nosso protagonista é ruim, e em muitos momentos eu não tive nenhum crédito nele; terceiro, temos um ótimo “monstro” nesse filme, que seria uma versão bizarra de Jesus Cristo. Ele aparece de uma forma bem tenebrosa, mas logo vira um CGI mal feito que perde toda a credibilidade; quarto, a sua parte final é de uma gritaria tamanha que me incomodou demais na sala de cinema. Tava alto demais.

Outro detalhe é que estamos falando de um filme de terror. Por isso temos demônios, mortes, sangue, crianças morrendo, freira possuída, santa virando demônio, Jesus Cristo virando demônio, padre cometendo sacrilégio, mas sexo não pode. Aí já é demais e muito pecaminoso. Peitinho nem pensar. Comento isso porque me parece muita hipocrisia ter isso tudo e não mostrarem uma cena que seria de trivial importância para a trama. Fica subentendido o que aconteceu, mas isso seria “pesado” demais para algo que já passou da linha faz tempo. Acaba soando algo muito puritano e católico ao extremo.

Por tudo isso que falei acabo por dizer que achei o filme bem mediano. Uma história boa, mas tecnicamente falho. Acredito que muitas pessoas não gostarão muito do final e até entendo o porquê. Então como dica peço para que o vejam esperando por qualquer coisa. Uma mente aberta aqui pode melhorá-lo mais.

Se houver uma continuação, torço para que melhorem as partes técnicas e que botem atores melhores.