Eu, Tonya

Eu não conhecia a história de Tonya Harding. Quando o escândalo envolvendo a patinadora ocorreu (ela foi acusada de mandar machucar gravemente uma outra competidora, Nancy Kerrigan, e acabou sendo banida permanentemente do esporte que tanto amava), eu era criança. E embora sempre tenha achado patinação artística linda, nunca me liguei muito nas notícias sobre assuntos esportivos. Eis que aparece essa produção, com roteiro de Steven Rogers, e quatro motivos que me fariam não deixar de vê-la de forma alguma: Allison Janney, Margot Robbie, indicação nas premiações e patinação artística.

O filme foi estruturado na forma de um  documentário. É como se os envolvidos na história, anos depois, dessem depoimentos mostrando a sua visão dos fatos e, entre esses depoimentos, vemos a história sendo mostrada por atuações. Posso dizer, sem sombra de dúvida, que apesar de não ter sido esse o caso, o filme parece focar totalmente na visão de Tonya, mostrando que ela não era tão culpada quanto parecia e tentando justificar um pouco algumas de suas atitudes condenáveis.

Temos aqui uma caracterização fantástica dos personagens, todos ficaram parecidos com seus correspondentes na vida real. Mas, para mim, o que mais brilha no longa não são os paetês dos vestidos das patinadoras e, sim, a maravilhosa e subestimada Allison Janney. Nós já acompanhamos os trabalhos da atriz de 58 anos há muito tempo, mas, acredito, nunca lhe foi dado no cinema um papel que lhe desse a chance de brilhar. Ela esteve presente em papeis pequenos, em vários filmes como Juno (2007) e eu fui conhecê-la mais a fundo em seu papel de destaque na série de comédia/drama, “Mom”, estrelada por ela e Anna Faris. Nela, Jenney mostra sempre uma atuação magistral. Na TV, também, ela se consagrou em um papel pequeno em “Masters of Sex”, onde mais uma vez mostrou a que veio. Em minha opinião, não há nenhum papel que ela não possa fazer. Recentemente, ela esteve em “O Lar das Crianças Peculiares” (2017), onde, de novo, estava muito bem, extremamente convincente, pena que não em um papel de grande destaque.

Dos indicados a prêmios, até agora, eu já vi vários, porém não todos, por enquanto. Para mim há um empate na categoria de melhor atriz entre Margot Robbie e Sally Hawkins (A Forma da Água). Contudo, assim como no ano passado a minha maior preocupação na cerimônia do Oscar era que a diva suprema Viola Davis levasse a estatueta de melhor atriz coadjuvante, nesse ano tenho a mesma preocupação, porém, com Allison, que já conseguiu arrematar o Crític’s Choice Awards e o Globo de Ouro nesta categoria. Agora, é esperar para ver.