Entre Mulheres

Woman Talking” ganhou notoriedade ao ser indicado ao Oscar. Considerado por muitos como a cota feminina da vez, é muito mais do que isso. Denso, conciso, coeso, de temas importantes, relevantes e atuais, além de conseguir a façanha de entreter o espectador até o fim, mesmo se passando em apenas um cenário e sem grandes reviravoltas. Pena, que não deve levar a estatueta de Melhor Filme, mas ainda está no pareô para roteiro adaptado pelas mãos da também diretora Sarah Polley. Baseado no livro de Miriam Toews, que por sua vez, é baseado em uma história real.

A trama se passa em uma isolada comunidade religiosa no ano de 2010, mas que mais parece se passar em 1800. Nesta comunidade governada por homens, as mulheres descobrem que são sistematicamente dopadas e estupradas para procriar. Além disso, são proibidas de estudar, tomar decisões e são constantemente espancadas. Quando os homens saem da cidade para pagar a fiança de alguns dos estupradores presos, elas têm dois dias para decidir se irão perdoá-los, lutar pelos seus direitos, ou ir embora.

 

Além dos importantes temas femininos, sobre o direito a voz, igualdade, o medo e muitos outros, contamos com temas como democracia, voto, o poder da religião e ainda uma personagem trans. Com produção da atriz vencedora do Oscar, Frances McDormand (Três Anúncios Para um Crime), o elenco é composto por atrizes de peso veteranas e estreantes, dentre elas Rooney Mara, Jessie Buckley e Claire Foy.

Toda a narrativa se dá através de diálogos extremamente inspirados, debates e ponderações. O longa faz lembrar a premiada série “Os contos da Aia”, algo muito assustador, uma vez que a série se passa em uma realidade distópica, já os fatos discorridos no filme, realmente aconteceram, mesmo que estejam sendo mostrados de forma romanceada.

Adição interessante a trama é o personagem August (Ben Whishaw), que mostra que homens não são animais que não conseguem se controlar, as atitudes de um homem são baseadas nas suas escolhas e criação.