Enola Holmes
Algumas pessoas devem ter se perguntado que irmã é essa do Sherlock Holmes que apareceu do nada e que pouca gente ouviu falar. Enola Holmes não é criação de Arthur Conan Doyle (criador do maior detetive do mundo), e sim uma criação de Nancy Springer. Criada em 2006 como personagem da obra “O Caso do Marquês Desaparecido”, sendo este, o primeiro de seis livros escritos com a personagem. O filme pega como base essa primeira história aventura feita pela autora e é basicamente o que vemos na tela. A Netflix teve alguns problemas com direitos autorais com essa obra, mas essa parte eu conto no final do texto.
Sinopse: “Enola Holmes (Millie Bobby Brown) é uma menina adolescente cujo irmão, 20 anos mais velho, é o renomado detetive Sherlock Holmes (Henry Cavill). Quando sua mãe (Helena Bonham Carter) desaparece, fugindo do confinamento da sociedade vitoriana e deixando dinheiro para trás para que Enola faça o mesmo, a menina inicia uma investigação para descobrir o paradeiro dela, ao mesmo tempo em que precisa ir contra os desejos de seu irmão, Mycroft (Sam Claflin), que quer mandá-la para um colégio interno só de meninas. A caminho de Londres, ela conhece um lorde fugitivo (Louis Partridge) e passa a desvendar quem pode estar atrás do garoto e que quer impedir que uma importante reforma política inglesa aconteça.”
Enola Holmes é um bom filme de “sessão da tarde”, na melhor hipótese que essa expressão possa passar. Ele é aventuresco, tem mistério e tem um toque de romance no ar. Leve do início ao fim e com uma linguagem moderna que fará os jovens gostarem e porque não, os adultos também. O feminismo é abordado de uma maneira bem natural, mesmo que para época em questão, tais tabus fossem mais difíceis de serem engolidos. Em alguns momentos, me causou um pouco de sono e uma pequena falta de interesse, mas acredito que tenha sido por questões pessoais mesmo.
Ao querer soar moderno e muito simpático, a escolha narrativa da 4º parede foi escolhida para levar a história adiante. Inicialmente, esse recurso é bem vindo, pois ele consegue nos apresentar em poucos minutos os personagens e o contexto em que estão inseridos na trama. O grande problema é quando a protagonista faz isso o tempo todo, como se o telespectador fosse burro. Depois de um tempo, todas as olhadas diretamente para a câmera acabaram me incomodando. Faltaram dosar o recurso, mas acredito que não vá incomodar o grande público.
A Millie Bobby Brown (Stranger Things) é uma excelente atriz que acredito que vá conseguir muitas coisas pela frente. Ela é carismática demais e faz tudo soar muito natural. Considero isso um primor nas atuações. Helena Bonham Carter (Clube da Luta) é a mãe da protagonista e to tentando entender até agora o porque leva uma mãe a abandonar uma filha, seja lá qual for o motivo. Ela tá bem e não compromete, mesmo com pouco tempo de tela.
Henry Cavill (O Homem de Aço) vive o famoso Sherlock Holmes e tento me perguntar o motivo dele estar aqui. A presença dele não muda nada na trama e sua participação é completamente inútil. Só serviu como um possível fan service para pôr um rosto bonito para atrair o público. Embora o ator seja muito carismático, tem momentos em que ele parece uma porta. O personagem do Mycroft, vivido por Sam Claflin (da franquia Jogos Vorazes) tem muito mais importância do que a do irmão famoso. Ele acaba sendo o tutor de Enola, e se mostra um personagem asqueroso devido a sua forma de pensar e como quer criar sua irmã mais nova. Sempre gostei muito do Mycroft no “lore” de Sherlock Holmes, mas aqui ele quase se torna um vilão.
Resumindo, é um ótimo filme para ser ver sem nenhum compromisso. Diverte, mas é só isso. Acredito que tenha continuações para o futuro, não vejo o porque de não ter. O filme se encontra no catálogo da Netflix.
Curiosidades sobre os direitos autorais de Sherlock Holmes e porque a Netflix foi processada:
– Arthur Conan Doyle escreveu livros de Sherlock Holmes entre 1887 e 1930.
– Os livros anteriores a Primeira Guerra Mundial, do qual Sherlock Holmes é uma pessoa fria, sem emoções é de domínio público, ou seja, qualquer pessoa pode criar uma obra usando esse personagem dessa forma.
– Os livros após Primeira Guerra Mundial, do qual Sherlock Holmes mostra sentimentos está sob proteção dos direitos autorais.
– O Sherlock Holmes da versão de Enola Holmes, o filme da Netflix, é do tipo com emoção, ou seja, NÃO PODE. Por esse simples detalhe, a Netflix e os envolvidos estão sendo processados, mas acredito que tudo irá se resolver em um acordo com alguém perdendo algum dinheiro e o outro ganhando.