Dente Por Dente
Depois de 10 meses, enfim consegui ver um filme em uma cabine de imprensa. Dessa vez foi uma cabine de imprensa virtual, no conforto da minha casa. Amei e quero mais experiências assim, embora ainda prefira o cinema. Enquanto isso estou feliz com o uso dessa comodidade. O filme que me deu essa oportunidade foi Dente por Dente, longa nacional dirigido por Pedro Arantes (O Riso dos Outros) e Júlio Taubkin (A Guerra de Arturo). Ele mexe com o nosso imaginário através de crenças sobre sonhos e flerta levemente com o sobrenatural.
Sinopse: “O suspense “Dente Por Dente” gira em torno de Ademar (Juliano Cazarré), sócio de uma empresa de segurança particular que presta serviço para uma grande construtora de São Paulo. Quando seu sócio Teixeira (Paulo Tiefenthaler) desaparece, Ademar começa uma investigação e, junto com Joana (Paolla Oliveira), mulher de Teixeira, percebe que o amigo estava envolvido em um esquema criminoso. A incansável busca de Ademar pela verdade é marcada por sonhos premonitórios assustadores.”
Desde criança eu tenho medo de sonhar que estou perdendo os dentes. Minha mãe dizia que quando isso acontecia é porque alguém da família ou próximo morreria. O longa pega essa crendice e coloca em tela tentando formar um suspense, mas que para mim não funcionou muito bem. Ele não fica muito claro sobre o que estamos vendo. O sonho realmente o estava guiando para solucionar o mistério ou seria apenas uma viagem no inconsciente que reimaginava a vida dentro do sonho. Metáforas com espelho também pode ser feita, mas nenhuma delas te dirá uma conclusão concreta.
Ele também fala sobre vingança e automaticamente pensamos na famosa frase popular “olho por olho, dente por dente”. Seguindo o cerne dessa frase temos uma pitada de sobrenatural. Também não se torna muito claro se faz parte do sonho ou se o revés imaterial tem força no mundo material. Essa leitura pode começar a ficar um pouco confusa, mas essas são as impressões que me foi passada e que não teve uma grande resolução para mim. Essas pinceladas, junto com uma direção um pouco monótona me deixaram com uma preguiça no final.
Os atores, embora sejam excelentes, não chegam a brilhar aqui. Fazem no máximo o feijão com arroz necessário. O nosso protagonista vivido por Juliano Cazarré(Boi Neon) deveria ser esse cara que a gente acaba se colocando no lugar e que ficamos em completa empatia, mas não consegui. Achei ele bem simples, sem nada complexo e que mesmo assim não quis me importar. Paolla Oliveira (A Dona do Pedaço) e Renata Sorrah(Senhora do Destino) estão no pôster do filme, mas suas aparições são minúsculas. Colocadas apenas para atrair público. Talentos desperdiçados e que se fossem usadas de uma forma melhor, o resultado final seria diferente.
Não achei o longa horrível e ficou longe de ser maravilhoso. Se ajeitasse algumas arestas poderia ter sido melhor, mesmo assim dá pra entreter a pessoa ávida para voltar ao cinema. Nada como prestigiar o cinema nacional. Já foi um tempo longínquo do qual eu não gostava das obras tupiniquins. Hoje torço muito por eles e defendo todos com unhas e dentes, mesmo que eu não tenha gostado tanto. Nossos diretores, atores, roteiristas, equipe técnica têm grandes potenciais, só precisam colocar um holofote maior em cima deles.