Batem à Porta

Em 1982 no filme “Star Trek – A ira de Khan”, o personagem senhor Spock disse a icônica frase: “The needs of the many outweigh the needs of the few.” (A necessidade de muitos se sobrepõe a necessidade de poucos). É nesse questionamento que se baseia o novo filme escrito e roteirizado por M. Night Shyamalan (O sexto sentido) baseado no livro “O Chalé no Fim do Mundo” de Paul Tremblay (vencedor do prêmio de Bram Stocker de literatura). O longa prende e entretêm mas sem grandes surpresas.

Na trama, uma família formada por dois pais, Andrew (Ben Aldridge), Eric (Jonathan Groff) e a pequena Wen (Kristen Cui) está passando um tempo em uma cabana isolada, quando 4 estranhos batem à porta. Tal qual os quatro cavaleiros do apocalipse, dizem a eles que um integrante da família precisa morrer para evitar que o mundo se acabe e eles devem fazer a escolha de quem será dentre eles. Ou eles podem decidir que os três viverão mas deixarão que o mundo se acabe.

 

O grupo que bate à porta é bastante heterogêneo, liderado por Leonard, muito bem interpretado por Dave Bautista (Guardiões da Galáxia). O filme propões vários questionamentos como a dúvida se aquilo que os quatro estranhos dizem é verdade, e no caso de acreditarem, se seriam capazes de tamanho sacrifício em prol da humanidade homofóbica que várias vezes os condenou.

Ponto muito interessante é o quanto o casal é diferente, a postura de Eric é a de um homem sensível, religiosos, paciente e pacífico, enquanto Andrew é passional, ateu, briguento e impulsivo. O diretor optou ainda em utilizar a analogia com gafanhotos aprisionados para representar o que irá acontecer com aquela família.

Quando um cineasta possui muitos filmes em seu currículo, cria uma assinatura que é esperada pelos fãs, alguns o adoram e outros detestam. Shyamalan tem como assinatura os gigantescos plot twists (reviravoltas), onde a trama segue por um caminho e de repente nos é revelado um grande mistério que muda completamente os rumos da história, o que não acontece aqui.