Baixeza (1949)

Criss Cross”, no original, é um típico filme noir com quase todos os seus elementos clássicos. Seu diferencial, está no jogo duplo que os personagens fazem o tempo todo. Diferente da trama clássica deste gênero com detetive, femme fatale e um homem atormentado, temos um ex-marido que faria qualquer coisa para cair de volta nas graças de sua amada. Esquemas financeiros, flashbacks e reviravoltas permeiam essa trama envolvendo um casal criminoso muito antes do famoso “Bonnie e Clyde – Uma Rajada de Balas” de 1967.

Na trama, Steve Thompson (Burt Lancaster) é um jovem que retorna a sua cidade natal e se aproxima de Anna, sua ex-mulher que agora tem um novo marido gangster. Os dois passam a se encontrar escondido, quando o caso é descoberto, Steve aceita participar de um arriscado roubo para tentar salvar e reconquistar Anna apesar dos avisos de familiares e amigos.

 

Uma ótima oportunidade para ver a belíssima  (Os Monstros) em início de carreira como a femme fatale perfeita, e um jovem Burt Lancaster (A Um Passo da Eternidade) que além de toda desenvoltura física nas cenas de ação em uma época em que os recursos e efeitos especiais eram escassos, mostra toda sua veia dramática declamando as falas mas também através dos olhos.

Com direção de Robert Siodmak, nome de peso no gênero noir, o filme abusa das transições, uso de cores típicos, triângulo amoroso e relações possessivas. Ainda mostra o tempo todo o protagonista atormentado, bonito, de boa família, mas que não consegue ser feliz pois não esquece seu amor do passado. O roteiro nos dá uma trama inteligente e não mastigada, sem longas explicações, nós entendemos o que se passa entre os personagens por conta dos seus hábitos, comportamentos, olhares e gestos.