As Boas Maneiras

Muitas vezes vou ao cinema sem ter lido uma sinopse ou até mesmo sem ter visto um trailer. Gosto dessa experiência da surpresa, de simplesmente não saber de nada. Não gosto de ser induzido por alguma crítica já escrita, pois bem ou mal, ela nos guia para algum lugar, seja bom ou ruim. Por muitas vezes essa falta de expectativa conseguiu potencializar e muito minha experiência na sala de cinema. Pouquíssimas vezes eu saí decepcionado. E é com pesar que neste caso de “As Boas Maneiras” eu tenha sido um pouco decepcionado e me perguntando o que eu estava vendo.

Sinopse: “Ana contrata Clara, uma solitária enfermeira moradora da periferia de São Paulo, para ser babá de seu filho ainda não nascido. Conforme a gravidez vai avançando, Ana começa a apresentar comportamentos cada vez mais estranhos.”

Temos praticamente 2 filmes em 1 só. E isso já me deixou bastante fatigado, pois apesar de ter 2h e 15 de duração, me fez ter a sensação de ter visto um longa de 4 horas bem duradouras e que não acabavam. Como disse ali em cima eu não tinha noção do que seria a história e apesar de ter umas surpresas bem mórbidas por causa disso eu não consegui comprar a ideia e isso me fez rir em diversos momentos de uma quase vergonha alheia. E eram momentos que dependiam de uma seriedade, mas que infelizmente não comprei.

Como a segunda parte se passa 7 anos depois, achei que seria mais interessante ter começado por ela, mantendo todo o segredo e suspense, o que acredito daria uma curiosidade maior ao expectador. Os diálogos também são sofríveis, não pela escrita em si, mas por momentos de quase vergonha devido a pausa duradoura durante a conversa. Até pode ter sido proposital para mostrar o quanto a personagem principal é tímida. Esta, vivida por Isabél Zuaa (Joaquim), faz parceria em cena com Marjorie Estiano (Entre Irmãs), que de cara se mostra a melhor atriz do longa de longe, soando sempre natural. As crianças do filme eu não vou nem dizer nada, tirem suas conclusões.

Relendo o que escrevi me pareceu muito leviano, mas infelizmente, foi toda a sensação que pude sentir durante a projeção. Sempre vou assistir a um filme querendo gostar, sempre quero sair feliz com a experiência. Gosto de dizer para as pessoas o quanto vale a pena vê-los sem arrependimentos. Sempre tiro o melhor possível de todos eles, mas dessa vez eu não consegui, e não sei dizer exatamente onde é o erro principal do longa.