Amor, Sublime Amor

Falei isso em 2021 inteiro e vou reiterar aqui e dizer que esse foi realmente o ano dos musicais. Sendo assim, nada melhor do que acabar o ano com mais um grande exemplo de toda essa emoção demonstrada por mim. Amor, Sublime Amor é o remake do grande sucesso de 1961 que teve a música “América” como seu carro-chefe e que ainda foi premiado com 10 Oscars incluindo Melhor Filme e Melhor Atriz Coadjuvante para Rita Moreno. Ela não por acaso está nessa produção atual em que atua e ainda produz o longa. Para os fãs do clássico essa nova versão é um deleite e para quem nunca viu e é fã do gênero vá com fé que tenho certeza que vai amar.

Sinopse: Amor à primeira vista acontece quando o jovem Tony vê Maria em um baile do ensino médio em 1957, na cidade de Nova York. Seu romance florescente ajuda a alimentar o fogo entre duas gangues rivais que disputam o controle das ruas: os Jets e os Sharks.”

 

Eu não pretendo comentar sobre as partes técnicas aqui, ou melhor, vou apenas passar rapidamente. Não quero me ater a esse detalhe, pois ele é completamente perfeito no quesito. Tudo é lindo demais e tudo é milimetricamente ligado a perfeição melhorando em 100% a produção feita há 50 anos atrás. A direção de Steven Spielberg (O Resgate do Soldado Ryan) faz uma diferença e quem conhece o diretor sabe de sua competência. Por toda essa perfeição, concentrarei a resenha no emocional e impressões comparando com o longa original.

Vi o longa original recentemente justamente para comentar as diferenças entre um e outro. O de 1961 é um clássico e um grande fruto de sua época. É possível perceber uma inocência/ingenuidade em diversos momentos, principalmente no amor a primeira vista de seus 2 protagonistas: Tony e Maria, na época interpretados por Richard Beymer (O Mais Longo dos Dias) e Natalie Wood (Juventude Transviada). Essa inocência toda bate de frente com a briga por territórios entre as gangues do Jets e Sharks. Seu final dramático e inesperado é um marco e que tocou o coração de todos na época, mesmo que um pouco exagerado se pensarmos com a mente de hoje em dia.

A nova versão mantém toda a essência do original e ainda consegue melhorar muito as coisas. Comprei muito melhor a paixão dos protagonistas que agora são vividos por Ansel Elgort (Em Ritmo de Fuga) e Rachel Zegler que faz praticamente sua estreia nos cinemas aqui. Um roteiro mais elaborado nos dá essa sensação de aceitar as coisas de um jeito melhor. Os números musicais são elevados a uma potência muito maior e não posso deixar de destacar a sequência de “América”. Se no original ela é o melhor momento, aqui não poderia ser diferente. Só de lembrar já me arrepio de tão grandiosa que ela ficou e o destaque para ela vai justamente para Ariana DeBose (Hamilton) que faz Anita e para David Alvarez (American Rust) que faz o lendário Bernardo. Os dois juntos cantando e dançando é simplesmente incrível.

Algumas mudanças foram feitas e na minha opinião, para melhor. Alguns números musicais foram adiantados na trama melhorando assim o sentido delas. Apesar de eu achar tudo praticamente perfeito devo dizer que uma coisa me incomodou. Não entrarei em detalhes para não estragar a surpresa de quem não viu, mas o amor exacerbado que passa por cima de uma tragédia e uma quase cena de estupro me incomodam muito. Sei que elas veem do original, mas não deixa de me incomodar um bocado. Deixaria isso como os únicos pontos negativos.

Esse filme foi feito para os fãs do original e para os grandes fãs do gênero musical. Para quem não gosta é capaz de soar como a pior coisa da história do cinema. Qualquer comentário desse tipo seria como enfiar uma faca no meu coração. Por isso prefiro recomendar que essas pessoas não o assistam. Deixem esse tipo de arte apenas para os apreciadores de um belo musical clássico escrito por Stephen Sondheim que nos deixou há pouco tempo e que tem uma homenagem por tabela em Tick, Tick…BOOM!

Amor, Sublime Amor se encontra em cartaz nos cinemas.